Nei Duclós
Ela me Lua.
Quando brigam com a Lua, ela joga a caixa de jóias no chão.
Devolve tudo. Fica só com alguns poemas, que a fizeram chorar.
A Lua não entende. Se tanto falam de amor, por que fica fora
do alcance?
O desejo é a lua de dentro, acesa.
É cedo, amor. Ou tarde? Nunca se sabe. Madrugada tem dupla
personalidade.
É só poesia, disse o criador. O mundo ainda nem começou.
Amanheci noturno, anoiteci com sol. Me deixas confuso,
concha do mar.
Queres ser minha, na imaginação. Me leva para o sonho,
coração.
Durma se puder, toda mulher. Te puxo para perto, antes do
sol.
Agora se perca onde me achou. Lá onde te beijo, sem perdão.
Ela me lê escondida. Tem medo que digam: que exagero! Ela me
toca de letra. Gosto quando seu rosto se aproxima. Chamego.
Ela me lê escondida. Tem medo que digam: que exagero! Ela me
toca de letra. Gosto quando seu rosto se aproxima. Chamego.
Encaixo em ti, luva.
Fuja, musa. O poema se transfigura, um perigo.
Luxo é tua mão em mim, por descuido.
Te aliso, ventania. Sopre em minha janela, eu tremo tuas
cortinas.
Estou no campo noturno, com água pela cintura. Passa o trem
iluminado, contigo dentro. No vagão restaurante tentas ligar para mim e eu sem
sinal!!
RETORNO – Imagem desta edição: Ziyi Zhang.