Nei Duclos
Se estiveres voando
Não se impressione
Eh só cinema
Se estiveres chorando
Não eh contigo
Eh só um romance
Se estiveres pensando
Não se esqueça
Vem de outra fonte
Se estiveres criando
Não amoleça
Deus esta vendo
Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Nei Duclos
Se estiveres voando
Não se impressione
Eh só cinema
Se estiveres chorando
Não eh contigo
Eh só um romance
Se estiveres pensando
Não se esqueça
Vem de outra fonte
Se estiveres criando
Não amoleça
Deus esta vendo
Nei Duclós
O mundo então calou-se
Por não ter o que dizer
Fechou-se em copas
Como as plantas carnivoras
Depois de devorar os últimos insetos.
O poema mudou-se
Para planetas mais doces
Onde possa sobreviver
O colecionador de sementes
Navega sem porto no mar ignoto
Que bate nos contrafortes
Das serras do amanhecer
Nei Duclós
Nei Duclós
Se agora estou vivo
Ainda há esperança
Mesmo que a dança do extermínio
Se encha de confiança
E imponha o ritmo do funeral na consciência
E o coração esteja tão vazio
Como o rio Uruguai na seca
Agora estou vivo
E todas as memórias se completam
Povoamos o paraíso de conflitos
Mas colhemos a flor do fruto ainda por vir
O jeito de resistir
Imaginando um futuro com o perfume de conquista
Nei Duclós
O que fiz está feito
Não mudarei o entorno da torta árvore
O corpo é o que ofereço à eternidade
Os versos são datados
Folhas secas de um outono raro
Véspera do inverno do esquecimento
Grudado ao verão que o
anunciou amargo
Fiz por gosto e contingência
Não fosse o amor
Não teria feito
O melhor de mim
Primavera tardia mas a tempo
Nei Duclós
Aqui, Uruguaiana, onde o Brasil começa
Onde o rio rumo ao Prata abraça o pampa
Somos o sinal de alerta de um país soberano
A paz da sesta, a pressa do Minuano
Lutamos pelo chão,
encharados de sangue
Terra de pescadores, de plantas e rebanho
Em tuas ruas largas mora a memória
Em teu coração montei minha casa de barro
Meus cavalos de sonho, querencia a céu aberto
Aqui, Uruguaiana
Onde sopra a grandeza
De sermos conterrâneos
Nei Duclós
Arrisco na oficina
Já gasta de tanto ofício
Duvido que reaviva
A chispa que alimente a trilha
Noto o fio cego da mavalha
Na longa noite de metais sujos
A mão que iluminou maravilhas
Apenas se pergunta
Serei ainda o ogro do verbo claro
Ou viciei na lavoura do deserto?
Crie o que pinta, disse assim o anjo
Exausto dessa minha rotina
De morar no céu a inventar o mundo
E não saber ainda qual o meu destino
Acredite, disse ele
Eu só existo porque és exímio
Em produzir o sonho no universo cinza
A revelar o verbo oculto em bruta mina
Mesmo que negues ser o escolhido
Nei Duclós
A RAINHA DO MAR
Os versos nascem livres
E cedo aprendem a voar
Pousam em jardins inacessíveis
Onde jamais serão recolhidos para formar uma obra
A poesia sobra
Ave soberana do oceano
Nei Duclós