MIRAGEM
Quando enfim apertarmos as mãos
Depois deste tempo em que encostamos nossos socos
Num futuro ano novo ainda humano
E a dor for apenas memória
Teremos então uma história para contar
Nos livros que ressuscitarão
Nei Duclós
Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
MIRAGEM
Quando enfim apertarmos as mãos
Depois deste tempo em que encostamos nossos socos
Num futuro ano novo ainda humano
E a dor for apenas memória
Teremos então uma história para contar
Nos livros que ressuscitarão
Nei Duclós
Nei Duclós
Irmão é reparte do genoma
Cromossoma afim, berço, carona
Porção do mesmo nome
Coadjuvante, persona
Que cresce na divisão do bolo
Adulto, continua criança
Pela memória comum, fruto de família
E quando parte leva junto
O que fomos, o que seremos
Órfãos de uma sintonia
Herança bruta
Apenas irmãos
Na terra onde pertencemos
Nei Duclós
GUARDA
Para onde vão os sonhos depois que acordamos?
Ficam de plantão como guarda noturno?
Somem ou nos perseguem em becos e sombras?
Se escondem fingindo-se de mortos?
E reaparecem como os blocos de sujo
Nas ruas da vizinhança?
Serei o que estava só no deserto?
Na avenida lotada pedindo carona?
Terei asas? Homem voa?
Sou Santos Dumond que pousa no pampa?
Para onde vou, navegador errante?
Nei Duclós
TERRA SECA O tempo se esvai como chuva na sarjeta escoa seu espírito de correntes Vai diminuindo o fluxo que o alimenta E nos deixa na rua de terra seca Já que o perdemos por não poder retê-lo Olhamos para o céu: Quando voltará seu acervo Estamos com sede, Deus intenso Nei Duclós
AMARELO GRIS Que nenhuma política nos divida Nem te afastes por qualquer motivo O tempo exige compromisso Teu coração no meu, prazeroso ofício Não falo de perdão ou o que demais exigem Para compor o laço indestrutivel Abraço no palco e câmara em rodízio Com gargalhadas mudas de orgasmo múltiplo Nosso vínculo não depende do show business Somos precários como antigo circo Sou palhaço e choro E ao cair do trapézio abres um sorriso Não importa tantas brigas Valeu o sacrificio Tomo banho no rio, moras na Bahia Teu cabelo amarelo, minha roupa gris Existe uma nação no arco- íris Nei Duclós