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10 de maio de 2012

ALCANCE


Nei Duclós

Ela me Lua.

Quando brigam com a Lua, ela joga a caixa de jóias no chão. Devolve tudo. Fica só com alguns poemas, que a fizeram chorar.

A Lua não entende. Se tanto falam de amor, por que fica fora do alcance?

O desejo é a lua de dentro, acesa.

É cedo, amor. Ou tarde? Nunca se sabe. Madrugada tem dupla personalidade.

É só poesia, disse o criador. O mundo ainda nem começou.

Amanheci noturno, anoiteci com sol. Me deixas confuso, concha do mar.

Queres ser minha, na imaginação. Me leva para o sonho, coração.

Durma se puder, toda mulher. Te puxo para perto, antes do sol.

Agora se perca onde me achou. Lá onde te beijo, sem perdão.

Ela me lê escondida. Tem medo que digam: que exagero! Ela me toca de letra. Gosto quando seu rosto se aproxima. Chamego.

Ela me lê escondida. Tem medo que digam: que exagero! Ela me toca de letra. Gosto quando seu rosto se aproxima. Chamego.

Encaixo em ti, luva.

Fuja, musa. O poema se transfigura, um perigo.

Luxo é tua mão em mim, por descuido.

Te aliso, ventania. Sopre em minha janela, eu tremo tuas cortinas.

Estou no campo noturno, com água pela cintura. Passa o trem iluminado, contigo dentro. No vagão restaurante tentas ligar para mim e eu sem sinal!!


RETORNO – Imagem desta edição:  Ziyi Zhang.