28 de maio de 2012

TELEGRAMA


Nei Duclós

Mandas notícias do lado escuro da Lua,
onde agora vives. Pedes satélite exclusivo
para ficarmos juntos, me olhando pelo vidro.
Esse amor sem porto nem abrigo não acena

com mãos vivas, mas gestos imaginados
em camas soltas no cosmo sem sentido.
Pior é não ter sequer esse convite, por isso
preparo o quarto suspenso entre as estrelas

Não posso pousar em tua carne trêmula
nem tomar um café na cauda de um cometa
ou fechar o bar na aurora boreal da via láctea

Resta apenas esses sinais de telegrama incerto
onde tateamos a ausência como se fosse amor
e só será se a minha mão enfim tocar teu peito


RETORNO – Imagem desta edição: Hedy Lamarr.