Nei Duclós
Mandas notícias do lado escuro da Lua,
onde agora vives. Pedes satélite exclusivo
para ficarmos juntos, me olhando pelo vidro.
Esse amor sem porto nem abrigo não acena
com mãos vivas, mas gestos imaginados
em camas soltas no cosmo sem sentido.
Pior é não ter sequer esse convite, por isso
preparo o quarto suspenso entre as estrelas
Não posso pousar em tua carne trêmula
nem tomar um café na cauda de um cometa
ou fechar o bar na aurora boreal da via láctea
Resta apenas esses sinais de telegrama incerto
onde tateamos a ausência como se fosse amor
e só será se a minha mão enfim tocar teu peito
RETORNO – Imagem desta edição: Hedy Lamarr.