Nei Duclós
Vejo no Netflix The Charlie Wilson´s War (Jogos do Poder,
2007, de Mike Nichols) sobre o congressista americano que reverteu a favor dos
EUA a guerra do Afeganistão (baseado em grande reportagem da CBS, mais tarde
best-seller, do mega repórter e escritor George Criler).
Passo a régua do meu astro favorito Tom: ele sempre encarna
o heroísmo. Não é apenas o recente Sully, sobre o piloto que salvou todos a
bordo ao cair no rio Hudson. Teve o cara que liderou a equipe para resgatar o
soldado Ryan, o Capitão Phillips e sua luta contra os piratas, o náufrago que
conseguiu sobreviver e voltar para casa, o espião que fez a bem sucedida troca
de agentes com a Rússia, o líder da equipe da Apolo 13.
Todos anônimos ou quase e que são homenageados pela
performance do ator que encarna a pessoa que voluntariamente caminha em direção
ao desconhecido, como diz ele ao conceituar o heroismo. Não escapa nem o
Forrest Gump, heroi involuntário que costura vários momentos da América. Com
forte carga de patriotismo, em que tudo é feito em nome da nação. Mas estamos
falando de cinema, a arte sobre si mesma. Serve a interesses políticos, mas
essa não é a essência do oficio.Vale o talento, a empatia, a performance.
Fica de fora naturalmente seus filmes menos significativos,
como o Código da Vinci e outras derrapagens. Como empresário do ramo, faz
qualquer negócio. Mas como ator está sempre às voltas com seu papel favorito, o
do herói contemporâneo, misturado às multidões sem rosto e que nele, Tom,
encontram suas melhor expressão.
Uma observação sobre Jogos do Poder: Tom contracena com
Phillip Seymour Hoffmann, o único do filme indicado para Globo de Ouro (num
elenco que tem Amy Adams e Julia Roberts). Tom pode ser o favorito, mas não é o
melhor. Hoffmann bate forte.