Nei Duclós
Renuncio à minha parte, não por estar cheio
Estou em falta de tudo o que preciso
Ou mesmo por querer exibir-me a pleno
Quem me vê bem sabe o pouco que tenho
É de outra natureza esse súbito desapego
Excesso de experiência talvez ou a idade
Só sei que diminuo em necessidade
Enquanto cresço intenso com o passar do tempo
Perdi demais, essa que é a verdade
Exigindo porções maiores ou iguais
No fim é sem importância, o que de fato vale
É descobrir no Outro o que nos transforma
Muito além do corpo e sua fome
Viver é o que está fora, estranho da vontade
Custamos a entender o foco da obediência
Sorte que contamos com a divindade
E a sua paciência, aluna da renúncia
Nei Duclós