Nei Duclós
Sou teu amor, lonjura. Percorri o Tempo de pés descalços. E
te encontro no regaço da aventura, o gosto de compartilhar os gestos.
De vez em quando visito o campo. Não estou à vista. Mas os
espíritos me enxergam tateando a Lua.
Pensei hoje no pampa, minha primeira lição de infinito. Nele
me perdi. O que sou e vivi foi apenas um sonho que tive naquele ermo, onde
eternamente nasci.
Ela se foi porque não resisto ficar quieto. Volta, nenhuma
palavra mais sai de mim, apenas a que te abraça.
Escondida na solidão, ela existe. Eu a visito, levantando a
mão para que me veja de longe. Ela faz que não nota, mas sei que está sorrindo.
Sou teu amor, lonjura. Percorri o Tempo de pés descalços. E
te encontro no regaço da aventura, o gosto de compartilhar os gestos.
Transformas teu sorriso em arte. Ao teu lado, sou o pintor
imaginário da felicidade
Naufragamos mas conseguimos construir um barco, que
batizamos no amanhecer da viagem de volta. Quando chegamos no outro lado do
mar, as letras da palavra Amor estavam comidas no casco.
Fugiste mas não me conformo. És bela demais para ficar
perdida do meu sonho. Volte ao porto, aproveita o vento.
Ficaste a tarde comigo, tecendo meus versos em teu vestido.
Quanta beleza escorre da tua imagem imaginando ser minh
Quando enfim cruzamos o umbral, e o passado vira pó,
sentimos a leveza que parecia ter sumido para sempre. Alçamos voo, andorinha!
Rodas no mundo sem pouso. Sou teu oculto aeroporto.
Empilho a doçura que verte do teu sonho. Não tenho mais onde
colocar teu açúcar.
Bati na porta do Tempo. Não estavas. Fiquei esperando uma
eternidade.
RETORNO – Imagem desta edição: Kayla Khan.