Ao proteger o produto nacional, proibindo que se use aço estrangeiro em obras de infra-estrutura americana, o presidente Obama se transformou no Getúlio Vargas. Os gringos tiraram a escada da globalização e deixaram Lula falando sozinho, de pincel na mão em Belém, no Fórum Social Mundial (que agora ganha farta cobertura, ao contrário do tempo em que era realizado em Porto Alegre na época tucana, ou seja, quando a Globo servia ao PSDB e o PT fingia ser do movimento). É de chorar ver o presidente brasileiro criticar o protecionismo dos EUA, que sempre serem foram protecionistas e inocularam o virus da abertura das fronteiras nos países que invadem e sugam.
O Brasil privatizou tudo. Pior: implantou, até mesmo no que resta de serviço público, as certezas dos negócios particulares. Deixamos de lado tudo o que promovia o emprego em massa e fazia a economia se movimentar, das ferrovias à construção civil, tudo o que beneficiava a população, dos centro de saúde e hospitais às grandes universidades federais, hoje ameaçadas. Entregamos a siderurgia arduamente conquistada na época da guerra. Nosso aço é dominado por grandes grupos estrangeiros, assim como toda a indústria petroquímica. Não podemos ter indústria de ponta sob pena de sermos destruídos, como aconteceu no incêndio suspeito na base de Alcântara.
É como a recente piada sobre o Michael Jackson. Hoje, os negros ocupam as posições de destaque na Casa Branca, em Hollywood, nos esportes, enquanto o autor de Thriller amarga a brancura Rinso que escolheu para negar seu passado. Somos o Michael Jackson: deixamos de ser o que éramos, por pressão dos outros, resolvemos assumir uma outra identidade, para sermos aceitos pelos maiorais e eis que os grandões se revelam, são o que éramos antes. Ou seja, invejavam o Brasil soberano, aí veio a direita a partir de 1964, usou toda essa canalha que voltou do exílio para cooperar com a ditadura civil e temos o resultado. É trágico ver o Gabeira achar que o mundo precisa ser melhor e não outro mundo, como pregava antes. Tchê, Gabãira: não existe mundo melhor. Ou você muda o mundo ou se afoga na merda.
O melhor dos mundos são nações soberanas, com fronteiras, se respeitando mutuamente. Não é ficar de braços cruzados vendo o PSDB se aliar ao PT para peitar logo quem, o Sarney, que mal consegue sair de dentro da limousine preta. Não é participar desse baile sinistro de máscaras no cemitério do país sucateado, como no hit de Michael, que emprestou seu nome para milhares de pobres crianças brasileiras, todas se chamando Maicon, distorção da palavra original. Imitamos pobremente o que achamos ser estrangeiro, quando no fundo são apenas ilusões plantadas para deixarmos de existir.
Tem que proteger a indústria, sim, retomar o aço e toda a siderurgia e a petroquímica, expulsar os chineses do mercado, os malaios que derrubam a floresta, os cucarachas que querem invadir a Amazônia sob a bandeira do cheguevarismo de espoleta. Tem que trocar a soja e a cana pela agricultura alimentar de massa, longe das especulações a futuro e a presente. Tem que intervir na radiofusão e impedir o processo de imbecilização total do país. Tem que tirar dos livros escolares as mentiras sobre o Brasil dizendo que aqui tudo foi obra da sacanagem da nossa política, da nossa guerra e da nossa diplomacia. E não adianta agora ficar falando em soberania, se não existem políticas públicas de país soberano.
Enquanto ficamos demitindo na indústria e no comércio, à mercê das crises que eles inventaram e nós abraçamos, eles seguem o caminho do velho Getúlio: protegem seus produtos e regam a economia de dinheiro público. É assim que se faz. Deixamos de fazer porque, todos sabem, Getúlio era esse monstro do atraso. Agora se descobre que o grande estadista estava na vanguarda. Levaram décadas para chegar onde ele chegou nos anos 30.
BATE O BUMBO – ANTOLOGIA NO BLOCOS ONLINE
O Blocos Online é esse fenômeno cultural criado e mantido pela poeta Leila Miccolis, que conheço de longa data e é uma admiradora do meu trabalho literário. Trata-se de um gigantesco portal de literatura e cultura, que periodicamente lança alguns produtos que estão disponíveis para todos os públicos. Fui agora brincado com um convite especial para participar do Panorama da Prosa Brasileira Contemporânea Vol. 1, onde estão selecionados três textos meus: Galo Inventa a Manhã, Dominó de Assombros e Caça Ao Quarto Crescente (crônica originalmente publicada na revista Globo Rural). Estou ao lado de outros escritores também brindados pelo critério de seleção da poeta Leila, muito mais confiável do que muito inventor de antologias e seletas. Visite, leia.
O Brasil privatizou tudo. Pior: implantou, até mesmo no que resta de serviço público, as certezas dos negócios particulares. Deixamos de lado tudo o que promovia o emprego em massa e fazia a economia se movimentar, das ferrovias à construção civil, tudo o que beneficiava a população, dos centro de saúde e hospitais às grandes universidades federais, hoje ameaçadas. Entregamos a siderurgia arduamente conquistada na época da guerra. Nosso aço é dominado por grandes grupos estrangeiros, assim como toda a indústria petroquímica. Não podemos ter indústria de ponta sob pena de sermos destruídos, como aconteceu no incêndio suspeito na base de Alcântara.
É como a recente piada sobre o Michael Jackson. Hoje, os negros ocupam as posições de destaque na Casa Branca, em Hollywood, nos esportes, enquanto o autor de Thriller amarga a brancura Rinso que escolheu para negar seu passado. Somos o Michael Jackson: deixamos de ser o que éramos, por pressão dos outros, resolvemos assumir uma outra identidade, para sermos aceitos pelos maiorais e eis que os grandões se revelam, são o que éramos antes. Ou seja, invejavam o Brasil soberano, aí veio a direita a partir de 1964, usou toda essa canalha que voltou do exílio para cooperar com a ditadura civil e temos o resultado. É trágico ver o Gabeira achar que o mundo precisa ser melhor e não outro mundo, como pregava antes. Tchê, Gabãira: não existe mundo melhor. Ou você muda o mundo ou se afoga na merda.
O melhor dos mundos são nações soberanas, com fronteiras, se respeitando mutuamente. Não é ficar de braços cruzados vendo o PSDB se aliar ao PT para peitar logo quem, o Sarney, que mal consegue sair de dentro da limousine preta. Não é participar desse baile sinistro de máscaras no cemitério do país sucateado, como no hit de Michael, que emprestou seu nome para milhares de pobres crianças brasileiras, todas se chamando Maicon, distorção da palavra original. Imitamos pobremente o que achamos ser estrangeiro, quando no fundo são apenas ilusões plantadas para deixarmos de existir.
Tem que proteger a indústria, sim, retomar o aço e toda a siderurgia e a petroquímica, expulsar os chineses do mercado, os malaios que derrubam a floresta, os cucarachas que querem invadir a Amazônia sob a bandeira do cheguevarismo de espoleta. Tem que trocar a soja e a cana pela agricultura alimentar de massa, longe das especulações a futuro e a presente. Tem que intervir na radiofusão e impedir o processo de imbecilização total do país. Tem que tirar dos livros escolares as mentiras sobre o Brasil dizendo que aqui tudo foi obra da sacanagem da nossa política, da nossa guerra e da nossa diplomacia. E não adianta agora ficar falando em soberania, se não existem políticas públicas de país soberano.
Enquanto ficamos demitindo na indústria e no comércio, à mercê das crises que eles inventaram e nós abraçamos, eles seguem o caminho do velho Getúlio: protegem seus produtos e regam a economia de dinheiro público. É assim que se faz. Deixamos de fazer porque, todos sabem, Getúlio era esse monstro do atraso. Agora se descobre que o grande estadista estava na vanguarda. Levaram décadas para chegar onde ele chegou nos anos 30.
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