Nei Duclós
Viver dá trabalho. Vou terceirizar.
Ame por mim.
Somos areia que o tempo, vento,
dispersa. Às vezes nos reunimos em grãos para ver se brotam.
Me
trouxeste o amor na bandeja. Sinta, me disseste.
Sou porco espinho, talento. Esqueça
quando arranho, pois me arrependo.
É incurável, não passa. Debaixo de
mil camadas da mesma cicatriz.
Não adianta tentar. Voltamos sempre
ao mesmo ponto. Lá onde o coração pulsa de verdade, morada do espanto.
Me deixas só contando estrelas.
Depois não venha dizer que foi tudo bem, aos prantos.
Puxei tuas pernas no calorão da
tarde. O vestido de seda subiu até a cintura. Vi tudo, o caldeirão do teu rosto
gritando palavrões com um jeito doce. Mas eu era apenas uma assombração, flor
da minha querência.
Estamos perto. Ceda aquele abraço
para dar certo.
Passei por ti mas não me viste.
Devias ter olhado para cima. Eu estava levitando.
Improvisei depois de tanto treino.
Preferiste assim, quando joguei fora o discurso. Quiseste a gagueira em vez do
arroubo.
Estava frio no deserto. Fazia calor
no inverno. Era o amor, trocando as pernas.
Não tens vergonha? disse o
catedrático. Prefiro o amor da leitura ao desamor da análise, disse a autoria.
Crisálida tardia, adiaste o voo
porque tinhas esperança de me ver chegando. Só eu poderia te libertar com um
toque.
Dê lembranças à felicidade, que
levas contigo. Diga que estou com saudade. (este verso , como todos os outros
dete post, também é meu, foi tuitado por mim, @neiduclos, no dia 23 de janeiro.
alguém colocou no facebook dia 26 sem dar o crédito e negando minha autoria)
RETORNO – Imagem desta edição: Jane
Russell.