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14 de janeiro de 2012
MORMAÇO
Nei Duclós
Você é um mormaço, impregna a pele e não tem o que refresque. Na temperatura máxima, como se fosse sempre três da tarde
Sou menos do que sinto
Ela tem um ponto de não resistência, quando a poesia vence enfim o duelo da carícia versus a dúvida. Moro nesse lugar, de coração na mão
Céu de dia claro no início da noite. Vésper soberana usa um cachecol rendado de nuvem branca. Fogos de artifício celebram o momento dourado
Para onde foi a felicidade que embalou meu sonho, lugar comum de uma linguagem? Fugiu com a liberdade para um Oriente de memórias?
Poucas estrelas pontificam no fim do crepúsculo. Passei a tarde distraído com a dor, mas a fuga do sol pintou um clarão que convida para o domingo de glória
Tudo é supérfluo quando não estamos prontos para algo inesperado. A surpresa nos derruba e ficamos contando até dez para se certificar da verdade
Transbordo em ti. Sou tua água
Digo o que me sopram. Sou canteiro que atrai o teu jardim
Me contenho em teu jarro, de fundo infinito
Não me adivinhe. Nem eu sei onde fica o mistério
Tenho o peso do poema que cultivei no tempo. Ele assoma no escuro como um meteoro
Vivo à sombra do que sinto. É escasso o teto desse sonho. Mas é onde as pombas encontram pouso quando descansam da longa viagem do desencontro
Fiquei pequeno, esmagado pela impossibilidade da colheita. Cultivo em vão meu campo de amoras
Nada tenho, formosa. Apenas a chance de um dia estarmos no mesmo barco
O lado escuro da Lua é quando teu celular fica mudo
Acordo abraçado à tua presença. Não quero me derramar, inteligência. Mas não posso deixar de provar o mel que verte da tua lembrança
Li pesado hoje. Estavas nas entrelinhas
Sou livre quando você tem a chave dos meus minutos
Escolha: esse pirralho que fui ou o sujeito legal que nunca serei
Gostei de conhecer teus pais. Minha auto-estima estava muito alta mesmo
Você não dorme? disse ela, enquanto tomava café.
Não me diga a verdade. Estou farto de saber que te amo
Não vou ao encontro marcado. A Lua nem deu sinal
Agora que está chovendo,aproveita para fazer planos de ir à praia. Provoca culpa de eu ter dormido quando o dia estava esplendoroso
Acho exagero essa cobrança. Já fui pior e era melhor tratado
Me arrependi de ter dito aquilo. Desculpa. Vou deletar, junto com os teus comentários
É tarde para DR. Deixe para amanhã, quando eu não tiver mais nenhum argumento
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Eugene de Blaas
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