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29 de janeiro de 2012
ÍNTIMA
Nei Duclós
Íntima, onde há vida. Lisa, desliza no meu dia. Linda, gota perdida de chuva. Mínima, pio no ninho. Trêmula, como um sopro de vidro
Perdida, me pedes um conselho. Mas só eu ganho com isso. Me devolves a sabedoria que atirei a esmo e que já sabias
Todas as águas em mim. Todas as vibrações de um só coração aberto.
Poesia é uma criança, que senta aos pés da Memória para escutar o Tempo.
É um segredo esse, que te quero. Escondo sob a capa de palavras doces. Mas o amor é amargo como fruta colhida antes do tempo.
Nos despedimos de maneira formal. Logo depois, sucumbimos diante do remorso das palavras perdidas.
No dia seguinte, fingimos que não houve nada. Mas há uma seta de Cupido rondando as aparências.
Chorei, não deu a mínima. Enfrentei, torceu por mim. Venci, me deu os parabéns. Voltei, acenou com desdém. Parti e a vi desesperada da janela do trem
Ninguém “dá mole” para você. Vê se te enxerga. Tire para dançar, seu.
Demorei a te encontrar, poesia. Estavas embaixo de mim. Perdi tempo fixando o alto da montanha.
O senhor deixou cair uns poemas, disse o guarda noturno. Ah,joguei para a Lua. Pensei que ela iria recolher.
Vou pegar tua tristeza na saída e dar-lhe uma surra para não voltar mais. Mas você precisa deixá-la sair.
És Lua, gloriosa, na noite alta e transparente na tarde. És minha jóia de um colar de maravilhas
Vives num mundo de brutos, mas tua vocação é o voo. Todos te querem, mas poucos te amam.
Vou apertar tanto até você soltar todos os suspiros.
Há poema solto por toda parte. Vê se te arruma. Quem vai te achar no meio de tantas palavras? Toma jeito. Tenha pena das musas.
Ser poeta não é ser poeta. Ser poeta é dizer a verdade.
Me levou para visitar sua infância. A poesia como parte da paisagem. Caí fulminado como um pássaro que suspende o vôo.
RETORNO – Imagem desta edição: Mulher com um leque, obra de Pablo Picasso.
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