5 de janeiro de 2012

FLORAIS


Nei Duclós

Quando fica tarde demais, amanhece

Desculpa meu passo amassando pétalas. É apenas vontade, não de colher a rosa, mas de passar em sua janela

Estamos perdidos, mas não se preocupe. Trouxe meu coração para repartir contigo

Encontrei uma fantasia no sótão. Era contigo

Duas palavras são suficientes para ficarem juntas. Mas elas tentam formar frases diferentes

Segui teu rastro, encontrei a brisa

Soavas funda, na base do sonho

Esse que sou eu não sou eu. Mas serve

Nunca proponha o verbo com a rosa. Aceite a prosa. Osmose

Não tente conversar escondido. Toda palavra tem janela

Capte-me em primeira instância. É inútil a militância

Sabedoria é a frase solta. Se amarrar, ignora

Li o monstro. Era tão pequenino em seu texto datado.

Ponha a carapuça de lado. O que serve, ferve

Desista de tanto. O Tempo dá conta

Um toque basta. Descamba

Duas sílabas e pronto. Passo o ponto

Sou o acento diferencial na tua gramática. Descartável quando mudas a ortografia

Dois pingos, de hora em hora, até sumir a dor. Mas o que fazer com as marcas?


RETORNO – Imagem desta edição: detalhe de obra de Leonardo da Vinci.

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