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14 de dezembro de 2011
TU O TEMPO TODO
Nei Duclós
É para sempre que vou esperar o cumprimento das promessas que brotaram quando nos conhecemos. O primeiro encontro é teu anel de brilhantes
Tudo teu é tudo eu pensando em ti
Fugi, senti medo. Fui encontrado por ti numa madrugada. Eu estava de cabeça baixa. Iluminou-me uma subida rajada de vento vinda do cosmo
Maior cuidado para não dar um fora contigo. És atenta. Rompes o silêncio quando soa teu alarme. É quando me chacoalhas o mel preso no fundo
No fim estou sem equilíbrio, não consigo andar direito. É que deixei meu coração contigo
Combinei na praça e compareci com a melhor roupa. Caiu uma chuva e encharcou os sapatos. Voltei à noitinha depois de passar pela vitrine, onde moras
Deixaram tua beleza no anonimato e agora acendem holofotes sobre tua idade. Mas como te filmo há tempos, deusa, te ostento nos camarotes
Passa do meio dia e não tomei conta do jardim que nasceu no canto esquerdo do corpo. Desse jeito a tarde será seca e a noite de chumbo
Se você não levanta os olhos em minha direção eu fico sem conseguir ver nada. Tudo vira uma pasta disforme a que chamam mundo
Estamos arrependidos da briga. Agora monta no meu sonho e voa até o próximo abrigo. Lá tenho uma cabana de vidro, aberta para o céu
Mas é você que eu espero, silêncio profundo. Quando virei à tona no teu oceano?
Conheço o gatilho do teu fogo. Basta te querer de coração aberto, de manhã à noite, sem perder o fôlego. O resto é lucro
Tu o tempo todo. Assim fica difícil. Nem quando sonho tua imagem me abandona. Parece que acabei pintando teu rosto nos meus óculos
O amor secou. Agora é esperar as chuvas. Talvez brote alguma coisa. Teu olhar, por exemplo, minha perdição
Aguardo no leito seco o fio de água que descia da montanha. Era a pista do gostoso momento em que tinhas o olhar parado e o mel na boca
Tua beleza deveria ser convocada para resolver conflitos. Soldados assinariam a paz quando vissem o desperdício de morrer enquanto és rainha
Ninguém pode contra o amor, nem tua distração em dias que ficas longe de quem te quer. Chega a hora de prestar contas. Aqui me tens, coração
Que adianta esses encontros, me disse alguém. Vocês estão longe. Mas nos falamos, repliquei. Ela grita por mim e eu me desmancho
Nenhum expediente nos separa. Nenhum horário nos une. Somos soltos como poeira de estrelas. Grudamos a esmo, em busca de uma chance
Decidiste me dar uma oportunidade. Fiz teste de seleção e aguardo. Espero que não tenha pesado contra o momento em que desmaiamos
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Eliseu Visconti.
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