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6 de dezembro de 2011
MIRAGENS
Nei Duclós
Esperas que eu desista ou seque esse entusiasmo. Como se fosse possível voltar ao leito normal depois de provar o gosto da correnteza
Conforto espiritual é quando você tira o véu na saída da igreja e me encara
Hoje você me esqueceu. Não fiquei esperando pra não dar bandeira. Fui embora mas sempre que ouvia um ruído era do teu pé descalço
A reunião foi ótima. Você fez uma exposição brilhante. Na hora de dizer alguma coisa eu falei besteira, todos riram. Era sobre teus olhos, majestade
Não ande tanto em círculos. Diga logo que me quer. Prometo não dizer nada, hoje. Depois, te prepara
Troquei você por ninguém. Foi minha maneira de fugir. Por que? Não sei. Voltei ao normal, à minha cama no deserto
Não me empate, mas também não me abandone
Mas eles poderão se exterminar! se escandalizou o anjo. Dei um encargo para Cupido, disse Deus. Espero que cumpra
Não sei se me querias. Na dúvida, parti. E até hoje não percebi quem batia na janela do trem com tanta fúria
Não sei se te avisaram, mas há chances de tudo derreter nos últimos tempos. Aqueles, em que nossos argumentos se foram e ficamos sós, no entardecer
Já passamos por isso, em outras vidas. Repetimos porque não vemos saída. Precisamos do amor e suas aberturas. Deixe cair a blusa
Esperei a manhã inteira e depois a tarde, que se quebrou ao meio. À noite me encontraste exangue, debaixo do teu olhar ausente, feiticeira
Não cumprimos o prometido. Nos deixamos ficar no meio do caminho. Fui atrás de miragens enquanto permanecias de coração partido sem querer costura
Neste final de ano vou usar a alegoria de poemas que compus quando descobri a origem do samba, o amor
Sentimento vicia. Quando o coração seca, fica em crise de abstinência
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Fredrick Lord Leighton.
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