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31 de dezembro de 2011
ENQUANTO TE DESMANCHAS
Nei Duclós
A realidade é a ilusão mais convincente. Mas vivemos no sonho, fonte da criação e da mudança
Ai, me dizes, enquanto te desmanchas.
Hoje é dia de desmaiar na cama. Sou capaz de cometer um crime. Comece me perdoando, convicta
Perdi meu tempo contigo. Amas algo fora do meu alcance. Resta apenas meu sentimento, único bem que tenho
Viver sem prazer é muito pentelho
Deixaste passar o tsunami. Depois se queixa que não tem um frame em sua câmara. Estavas ocupada com o discurso banana
Aquele lugar oculto de paredes nuas, que abafavam nossos gritos nas tardes de chuva. Desenhávamos nelas nossos exercícios de ficar vivos
Abrir mão do ponto final dos versos é como um passo na beira do precipício
Estás brilhante, como sempre. Nem mais te escuto. Apenas rezo num canto, pedindo mais um ano ao redor do teu coração, que pensa
Ao te conhecer, fica obrigatório inventar o amor
Não vieste, mas enviaste uma foto. Obrigado pela consideração. É bom, porque fiquei de castigo, de rosto virado para a parede, onde colei tua imagem
Depois de ser teu objeto de desejo, virei teu objeto apenas. Um ser abjeto. Que faço com as fantasias que acumulei para te encantar?
Pode parecer exagero, mas sinto vontade de te presentear a Lua. Ok, a Nova, que é mais pequeninha
Como é bom te querer. Parece passeio em praça de grande cidade remota, com pombas em pânico de tão felizes
O amor trabalha no porão do sentimento, faz alguma coisa que não vemos mas sentimos pelo resultado. Nosso barco flutua independente de ter mar
Não me diga o que fazer. Sei acertar sozinho
Não me diga o que esquecer. Sou bom em errar no amor, como todo mundo
Não me diga o que dizer. Pois já disse que te amo
Está arrependida? Gostei de saber. Mas não guardo ressentimento. Só odeio uma coisa: o fato de te amar
RETORNO – Imagem desta edição: Mylene Demongeot