Nei Duclós
O tempo não é humano
Somos penetras no seu estômago
Sentados em bares anônimos
que se escondem em subúrbios
de quadros de cores obscuras
gerados no sonho de pintores
que bebem os minutos
Sôfregos, queremos que os relógios
vistam a criatura
mas é visível que não cabe em ponteiros
ou chuvas finas de areia
Fingimos intimidade porque o tememos
o tempo e seus venenos lentos
que sobem pelo esôfago
Queremos a cura de semelhante percurso
mas é outra a natureza do tempo
Não chora, não vibra, não pede perdão
simplesmente aplasta a formiga,
a vida que vivemos
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Edward Hopper.