Nei Duclós
É cedo para ir embora. Ainda há pano para a manga rosa.
Conheço cada dobra de tuas esquinas. Não que eu seja
invasivo, apenas imagino a partir do que me dizes.
Foges porque economizas talento. Desenvolva o projeto entre
oferendas.
Não podes negar o desfile da tua vontade. Tocas fanfarra,
fazes alarde. Portanto, não finja essa cara de paisagem.
A fantasia é teu segredo, mas dás bandeira, pois domino
territórios molhados de poema.
Não seja formal se eu chegar muito perto. Vim do deserto,
visto apenas um surrado pano que jogo em teu rosto suado de delicia.
Mal acordas e o clima muda. Há mel em cada centímetro cúbico
do teu desejo.
Faça um balanço de quanto amou este ano. Depois venha para
meu colo se algo estiver faltando.
Não pense em outra coisa quando estiver por pouco.
Preencha-se de mim mesmo.
Está se aproximando o momento do desfecho. Daremos conta,
glória do gênero?
É mínima a tessitura que circunda a renda fina. Cabe na mão
fechada de um neutrino e tem aquelas funduras zipadas em seda pura.
Tudo perde a importância quando o mundo dorme. É quando a
noite se deita em teu colchão de sentimentos.
RETORNO - Imagem desta edição: Gisele Bundchen.