Nei Duclós
Te encontrei por acaso na ante-sala
do verão, a portas fechadas. Conexão
imposta pelo momento. Corpos além
do imaginado, fazendo vento. Teus pés
davam estirões trêmulos
sem querer
toda vez que
conseguíamos algo.
A tarde esvaiu-se por encanto. Paredes
tinham o tom amarelo do sol exausto
Queríamos mais sabendo que os relógios
conspiravam em silêncio. Mas fora tanto
tempo sem ti que deixei chegar a noite
quando tua penugem dobrou-se de desejo
Ninguém sacia a vontade porque a mente
pensa sempre no próximo encontro
e quando nos olhamos plenos do perfume
que o amor providenciou no longo tranco
sabemos que isso é só o começo e o acaso
foi o álibi perfeito para o que sonhamos
RETORNO – Imagem desta edição: Eva Mendes.