Nei Duclós
Iluminas a noite sem fazer alarde.
Como vagalume que imita estrela. Como brilho de âmbar no mármore escuro.
Meu sentimento está oco. Falta teu
eco.
O que eu te disser, não leio. Só
compreendo quando retornas a mensagem com um beijo.
Queria te falar, mas é proibido. Teu
voo sem teto, minha vontade no piso.
Pouse, nem que seja quando imagino.
No fim não acontecerá nada, apenas
os corpos que se acham enquanto fazemos cara de quem jamais se cruza.
Não será preciso anunciar o que
temos em comum. Nem mesmo nós saberemos ao certo.
Acordo e nada. Onde fica tua atenção
enquanto me desperdiço pensando em ti?
Tanto mel que vem de ti que nem dou
conta.
Quero você de presente, sem vestir
nada a não ser romance. Solta e minha pela graça do sonho.
Pegaste a estrada depois de dar
adeus aos quero-queros. O pampa chorou, mas já estavas dormindo.
Ao vivo, notei que tinhas a
densidade oculta nas caixas de vidro. Perdeste a tabula rasa do olhar iludido.
É cedo para retomar o rodízio de
palavras em teu umbigo. Te deixo respirar, mas só por alguns minutos.
Antes que eu durma imagine o beijo.
Estalo de língua na madrugada imensa.
RETORNO - Imagem desta edição: Ursula Andress.