16 de novembro de 2012

CASCATA


Nei Duclós
 
Pago em versos o que devo em silêncio
cada minuto calado uma letra de espanto
uma volta do sol e eis uma odisséia
desde que sejas a sereia e eu o vento

Sopro em teu ouvido o que era escasso
produzo em ti solfejos de improviso
guizo feminino no giro do astrolábio
velas que se esfumam na roca do gemido

Conto com a rota planejada no sereno
quando nos molhamos em infinito beijo
só assim funciona o doce pagamento

Passei tempo demais longe do teu rosto
cheguei a esquecer como era teu cabelo
até que jogaste a cascata sobre os ombros


RETORNO – Imagem desta edição:  Rita Hayworth.