Nei Duclós
Voa, meu coração, no tempo largo
ave de arribação sobre a neblina
busque o que eu perdi, amor amargo
cardo de cortes e sabor de vidro
Suba até o topo onde reservo
o distante olhar que me inventou
pouse na rocha que roça o abismo
e reparta o futuro assustador
Convívio de luas e relâmpagos
no tempo amarrado e ainda nu
impassível frente ao mar e a chuva
Sussurre a mensagem escondida
que o vento colhe do esplendor
Esse destino que não foi escrito
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Edward Hopper.