Nei Duclós
Já que nada temos em comum e não aturamos as diferenças,
vamos culpar as redes sociais.
Já que aproveitamos essa aparência de proximidade para
incomodar o avatar vizinho, vamos dizer que as redes sociais estão obsoletas.
Rede social tem infinitos desdobramentos se for encarada
como ambiente de um trabalho gratificante, o de compartilhar cultura.
Não existe carisma na vidinha pessoal, tanto de anônimos
quanto de celebridades. O que vale é a abordagem transcendente, o pulo
cultural.
Compartilhar cultura não é exibir uma erudição que não possuímos.
É expor apreensões pessoais e coletivas de manifestações do espírito humano.
É escassa nossa percepção dos acontecimentos culturais. Essa
escassez precisa estar exposta, sem que vire uma vaidade pelo avesso.
Não entendo nada disso ou você que entende disso são
abordagens furadas. Entendemos a precariedade da nossa percepção, mas é nessa
fresta que passa a luz.
Todo repasse de um evento cultural precisa ter a intervenção
de quem faz a sugestão, para que as inflexões pessoais se somem a um acervo
geral.
Não se trsata de impor leis de comportam,ento ans redes
sociais, mas de colher vivências reveladoras que possam contribuir para este
momento.
Temos uma chance rara de multiplicar cultura por meio das
redes sociais. Não podemos nos abandonar às dificuldades.
As redes sociais se esgotam porque agimos de maneira
limitada. Precisamos ultrapassar, romper o dique. Senão estaremos eternamente
migrando de um orkut para um face.
.RETORNO - Imagem desta edição: obra de Escher.