Na China só tem chinês, ao contrário do Brasil, que tem de tudo, até chinês. Lá, estrangeiro é visitante, aqui é morador, faz parte do país. Quem vê um vê todos: eles não se misturam, pelo menos não no território deles. O assustador é que não querem dominar o mundo, isso eles sabem que é propriedade dos americanos e europeus. Eles querem dominar o Terceiro Mundo, o que é outra coisa. Invadiram os países pobres, sob a proteção americana, para destruir o varejo da indústria, por meio do dumping, da pirataria e da produção em grande escala de lixo puro e simples. O atacado (aço, papel, siderurgia, minério) é domínio dos gringos. A idéia é aproveitar a sem cerimônia chinesa para impedir que a América do Sul apresente algum candidato a potência.
Por isso, parem de babar com a abertura dos jogos olímpicos, que foi apenas a expressão máxima dessa eugenia de resultados. Eles se consideram a humanidade existente, o resto é coadjuvante ou espectador. Fizeram um espetáculo pirotécnico para provar que a China tem vocação e direito para a hegemonia. Projetaram a imagem de um império imbatível, coisa que já existe no cinema deles feito nos últimos anos, em que se aproveitam da imagem que o Ocidente faz da China antiga para se escalarem como paradigma de poder imperial.
A cultura milenar não interfere nas estratégias da atual ditadura chinesa, que é apenas o apêndice da ditadura financeira que domina o mundo. Eles se prestam para expropriar as nações pobres dos meios de sobrevivência, tomando conta de seus mercados, pervertendo o consumo e impedindo que ressurjam as indústrias nacionais. Dá vontade de gritar quando vejo a babação diante da chinesada, como se isso fosse o ideal para o Brasil, um poder total, vindo de uma raça pura, que acabe com as atrapalhações de tudo o que não é chinês.
Num filme magnífico de Akira Kurosawa, que eu ainda não tinha visto, Sanjuro, com Toshiro Mifune, o samurai explica como funciona a sedução assassina. O sujeito agradável, de carinha limpa, que diz o que você quer ouvir, é perigoso e vai mandar te matar. O outro que te contraria, que confessa ser uma pessoa precária, cheia de defeitos e fraquezas, essa não deve ser evitada, pois é um aliado. Veja a carinha inocente dos chineses: não se deixe enganar.
Sanjuro é um filme maravilhoso. É sobre estratégia de guerra. Como adivinhar o que o inimigo pensa e vai fazer. Como evitar armadilhas. Como não se deixar iludir. Como se antecipar aos fatos. Tudo depende de experiência, visão, preparo. Além disso, é um filme extremamente poético. O aviso dado aos companheiros por meio da queda das camélias é uma seqüência encantadora. Para isso servem os mestres: para nos enlevar e nos ensinar.
Sanjuro, filmado no velho preto e branco, é arte libertadora. A abertura das Olimpíadas é o circo da briga internacional por mercados, riquezas e poder.
RETORNO - Imagem de hoje: Toshiro Mifune no papel do samurai faminto em Sanjuro. Absolutamente imperdível.
Por isso, parem de babar com a abertura dos jogos olímpicos, que foi apenas a expressão máxima dessa eugenia de resultados. Eles se consideram a humanidade existente, o resto é coadjuvante ou espectador. Fizeram um espetáculo pirotécnico para provar que a China tem vocação e direito para a hegemonia. Projetaram a imagem de um império imbatível, coisa que já existe no cinema deles feito nos últimos anos, em que se aproveitam da imagem que o Ocidente faz da China antiga para se escalarem como paradigma de poder imperial.
A cultura milenar não interfere nas estratégias da atual ditadura chinesa, que é apenas o apêndice da ditadura financeira que domina o mundo. Eles se prestam para expropriar as nações pobres dos meios de sobrevivência, tomando conta de seus mercados, pervertendo o consumo e impedindo que ressurjam as indústrias nacionais. Dá vontade de gritar quando vejo a babação diante da chinesada, como se isso fosse o ideal para o Brasil, um poder total, vindo de uma raça pura, que acabe com as atrapalhações de tudo o que não é chinês.
Num filme magnífico de Akira Kurosawa, que eu ainda não tinha visto, Sanjuro, com Toshiro Mifune, o samurai explica como funciona a sedução assassina. O sujeito agradável, de carinha limpa, que diz o que você quer ouvir, é perigoso e vai mandar te matar. O outro que te contraria, que confessa ser uma pessoa precária, cheia de defeitos e fraquezas, essa não deve ser evitada, pois é um aliado. Veja a carinha inocente dos chineses: não se deixe enganar.
Sanjuro é um filme maravilhoso. É sobre estratégia de guerra. Como adivinhar o que o inimigo pensa e vai fazer. Como evitar armadilhas. Como não se deixar iludir. Como se antecipar aos fatos. Tudo depende de experiência, visão, preparo. Além disso, é um filme extremamente poético. O aviso dado aos companheiros por meio da queda das camélias é uma seqüência encantadora. Para isso servem os mestres: para nos enlevar e nos ensinar.
Sanjuro, filmado no velho preto e branco, é arte libertadora. A abertura das Olimpíadas é o circo da briga internacional por mercados, riquezas e poder.
RETORNO - Imagem de hoje: Toshiro Mifune no papel do samurai faminto em Sanjuro. Absolutamente imperdível.
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