Nei Duclós
A flor foi um presente, veio de um
outro reino
Quando ela foi embora, joguei os
versos no mar. Não mais serões no convés. Apenas esse vento em bandeiras rotas.
Que importa se estiver doendo. Cicatriza logo que morremos.
Aqui já veio a Cheia. A ilha tem preferência.
O amor tem muitas moradas. Em todas deixei um recado.
Te escrevo de memória para a carta fazer sentido.
O presente é oportunista. Na hora de passar, ele terceiriza.
Estamos livres do futuro. Vimos seu rosto humano. Não era
feito de sonho.
Nos afastamos naturalmente. Deu certo o esforço de desistir
do amor.
Fui no supermercado comprar tempo. Estoquei na dispensa.
Todo dia tiro uma dose de presente e sirvo com esperança.
Concordo com o adeus e todos os acordos. Só guardo teu
coração, que é meu, e não devolvo.
- Sou feia, ela disse.
- Não tinha notado, ele falou. Estava distraído te querendo.
Não me procurem. Vou sumir no mundo. Só o que eu sinto por
ti virá à tona.
Não se ache, senão não te procuro.
- Quando ela volta? perguntou o
Imediato.
- Numa outra vida, disse Jack o Marujo. Uma em que ficaremos juntos.
- Numa outra vida, disse Jack o Marujo. Uma em que ficaremos juntos.
Sou caçador de Lua. Ela te esconde
entre as nuvens.
Me escreves em pétalas. Respondo em
consentimento
Usei tua flor na lapela. Juntou mel
de abelha.
Me aqueça antes que anoiteça.
Entendi. Era tudo um número de
mágica. Pombas saíram da cartola, mas não voltaram.
Foste embora pensando que assim me
ferias. Me deixaste um lenço caso houvesse necessidade. Mas há tempos sou caule
seco na entrada do deserto.
Brincam de ausência comigo, como se
adiantasse alguma coisa.. Esquecem que me graduei em solidão.