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24 de abril de 2013

FLOR PRESENTE



Nei Duclós

A flor foi um presente, veio de um outro reino

Quando ela foi embora, joguei os versos no mar. Não mais serões no convés. Apenas esse vento em bandeiras rotas.

Que importa se estiver doendo. Cicatriza logo que morremos.

Aqui já veio a Cheia. A ilha tem preferência.

O amor tem muitas moradas. Em todas deixei um recado.

Te escrevo de memória para a carta fazer sentido.

O presente é oportunista. Na hora de passar, ele terceiriza.

Estamos livres do futuro. Vimos seu rosto humano. Não era feito de sonho.

Nos afastamos naturalmente. Deu certo o esforço de desistir do amor.

Fui no supermercado comprar tempo. Estoquei na dispensa. Todo dia tiro uma dose de presente e sirvo com esperança.

Concordo com o adeus e todos os acordos. Só guardo teu coração, que é meu, e não devolvo.

- Sou feia, ela disse.
- Não tinha notado, ele falou. Estava distraído te querendo.

Não me procurem. Vou sumir no mundo. Só o que eu sinto por ti virá à tona.

Não se ache, senão não te procuro.

- Quando ela volta? perguntou o Imediato.
- Numa outra vida, disse Jack o Marujo. Uma em que ficaremos juntos.

Sou caçador de Lua. Ela te esconde entre as nuvens.

Me escreves em pétalas. Respondo em consentimento

Usei tua flor na lapela. Juntou mel de abelha.

Me aqueça antes que anoiteça.

Entendi. Era tudo um número de mágica. Pombas saíram da cartola, mas não voltaram.

Foste embora pensando que assim me ferias. Me deixaste um lenço caso houvesse necessidade. Mas há tempos sou caule seco na entrada do deserto.

Brincam de ausência comigo, como se adiantasse alguma coisa.. Esquecem que me graduei em solidão.