Nei Duclós
É tudo urgente
as pazes antes do ciclone
o jarro deserto segurando a porta
o cabelo que amanhece em desalinho
É tudo urgente
a infância num laço do tempo
o corpo no pouso de sua alma gêmea
o germe do futuro em salas sem oxigênio
É tudo urgente
os procedimentos de cura
a decisão precoce que salva uma vida
o longo temporal da carne em sua conduta
É tudo urgente
o pão que tarda, o amor na semente
o joio sobre o trigo fora da mansarda
tua voz rouca de paixão no jardim escuro
É tudo urgente
o caderno perdido na memória
o verso que comanda a caravana
o gesto que improvisas comigo dentro
É tudo urgente
o sopro em espiral, o cosmo ainda quente