Nei Duclós
És o melhor da tua passagem. O pior é a esperança que morre
quando de novo vais embora.
Amor é via de mão dupla. De um lado a cama, do outro a
nuvem.
Arrependida postou-se por trás do biombo. Esqueceu o perfume
deixado em meu ombro. Ou foi apenas um doce
fingir abandono?
Amuada reduzes o que digo a pó. Desista de sonhar comigo sem
ter me incluído.
Sabedoria não se pontifica, é semeada em campos coletivos
onde temos uma porção de trigo.
Quase Cheia. Bola de Beisebol, Crescente. No trilho do azul
da tarde, vendo o movimento. Meia de Natal antes do tempo. Aguarda o meu
presente.
Amor resolve.
Estava dizendo algo, desisti. Lembrei do cosmo frio do final
de domingo, quando tudo perde o sentido e as estrelas descambam no infinito.
Onde fica o luar depois que o tempo cumpre o seu destino?
Se algo lhe falta, olhe a Lua. Hoje ela está maravilhosa com
seu dom de nos habitar o espírito.
Eu acredito naquilo que me vê.
Silêncio e ausência não me apagarão de ti. Mesmo a remota
galáxia mantém o pulsar que torce sua espiral ao meio.
Costumo partir da poesia toda vez que imagino teu desamor
por mim. Mas jogas uma pedra lisa no rio e quando ela rebate na superfície sou
eu que pula de alegria.
Teria feito algo melhor se soubesse que voltarias. Morena de
brilho no ombro, boca além da fantasia.
Continuo o mesmo que afastou você de mim. Não se iluda com
alguma mudança. Mas a distância não mata o que nos aproxima. Esse amor como rede
de arrasto na praia sem princípios.
Talvez tenha sido uma frase que te convenceu a voltar. Posso
repeti-la até não poder mais.
Tua sabedoria me mantém distante. Escuto de longe para ver
se acredito. Convencido, chego mais perto, quando então exiges silêncio.
RETORNO – Imagem desta edição: Natalie Portman .