2 de julho de 2012

PASSAGEM


Nei Duclós

És o melhor da tua passagem. O pior é a esperança que morre quando de novo vais embora.

Amor é via de mão dupla. De um lado a cama, do outro a nuvem.

Arrependida postou-se por trás do biombo. Esqueceu o perfume deixado em meu ombro. Ou foi  apenas um doce fingir abandono?

Amuada reduzes o que digo a pó. Desista de sonhar comigo sem ter me incluído.

Sabedoria não se pontifica, é semeada em campos coletivos onde temos uma porção de trigo.

Quase Cheia. Bola de Beisebol, Crescente. No trilho do azul da tarde, vendo o movimento. Meia de Natal antes do tempo. Aguarda o meu presente.

Amor resolve.

Estava dizendo algo, desisti. Lembrei do cosmo frio do final de domingo, quando tudo perde o sentido e as estrelas descambam no infinito. Onde fica o luar depois que o tempo cumpre o seu destino?

Se algo lhe falta, olhe a Lua. Hoje ela está maravilhosa com seu dom de nos habitar o espírito.

Eu acredito naquilo que me vê.

Silêncio e ausência não me apagarão de ti. Mesmo a remota galáxia mantém o pulsar que torce sua espiral ao meio.

Costumo partir da poesia toda vez que imagino teu desamor por mim. Mas jogas uma pedra lisa no rio e quando ela rebate na superfície sou eu que pula de alegria.

Teria feito algo melhor se soubesse que voltarias. Morena de brilho no ombro, boca além da fantasia.

Continuo o mesmo que afastou você de mim. Não se iluda com alguma mudança. Mas a distância não mata o que nos aproxima. Esse amor como rede de arrasto na praia sem princípios.

Talvez tenha sido uma frase que te convenceu a voltar. Posso repeti-la até não poder mais.

Tua sabedoria me mantém distante. Escuto de longe para ver se acredito. Convencido, chego mais perto, quando então exiges silêncio.


RETORNO – Imagem desta edição: Natalie Portman .