24 de julho de 2012

A CRIAÇÃO SUGADA


Nei Duclós

Brasil não é sugado só de seus recursos naturais. É também da sua criatividade. Faz parte das vítimas da pirataria internacional.

Galileu não inventou a luneta, Graham Bell não inventou o telefone, Edison não inventou a lâmpada, Remington não inventou a máquina de escrever.

Brasileiros inventaram o avião, a máquina de escrever, o Bina, o balão dirigível, mas não levaram. Os piratas se apropriaram dos inventos.

Quando Santos Dumont levantou o mais pesado do que o ar, fato inédito em 1908, na fuça do mundo, irmãos Wright vieram com fotinha da sua catapulta.

Brasileiro Landell de Moura inventou o rádio, mas quem levou a fama foi o Marconi, que veio 30 anos depois fazer demonstração fajuta no Cristo Redentor.

Marconi não consegui ligar as luzes via ondas e a pantomima teve de ser improvisada com um interruptor no local.

É oficial: Graham Bell registrou em seu nome invento de um italiano fugido da guerra e sem dinheiro para fazer o registro.  

O congresso dos EUA, desde 11/06/2002, declarou, na resolução 269, que o telefone foi inventado por Antonio Santi Giuseppe Meucci.

Só que Giuseppe, nascido em Florença e que lutou com Garibaldi, é apresentado como “ítalo-americano”. Americano um bom cacete.

Holandês Hans Lippershey (1570-1619) que inventou a luneta chegou em Veneza sem dinheiro e Galileu aproveitou para fazer a sua.

Edison registrou como dele quase tudo o que diz ter inventado. Registrou aperfeiçoamento da lâmpada inventada pelo russo Yablotchkin.

Dom Pedro II, fã de Graham Bell, não quis receber Landell de Moura, tido como maluco e feiticeiro pelos seus vizinhos, que demoliram seu laboratório.

Padre cearense Francisco João de Azevedo manda sua máquina de escrever para uma fábrica de armas, a Remington, que surrupia o invento.

Nélio Nicolai, técnico em telefonia, não é reconhecido como inventor do Bina, a não ser no Brasil. Os gringos não engolem essa.

Sem falar na biopirataria. É um espanto.

Júlio César, um paraense da cidade do Acará, inventa balão dirigível e se mantém no anonimato. 

Depois dizem que o Brasil não cria nada não é de nada. Pentacampeão do mundo, fica incensando coisas como Seedorf.  Porra!


RETORNO - Imagem desta edição: Alberto Santos Dumont, a bordo.