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6 de setembro de 2009
O MARADONAZO
Os arrastadores de ferros vieram com tudo e sofreram muito neste inicio precoce do Primaverón. El Gran Maradonazo ceifou os boquirrotos, que não sei porque são admirados no futebol, quando não passam de uma correria com precisão de relógio cuco. Eles caçaram Kaká em campo, chutaram canelas, costas, tornozelos, deram encontrões, abriram a ferramentaria. Coisas do jogo, dirão. Jogo para homem. Picas. Time que tem Tosco Tevez com seu balé sinistro não merece consideração.
Imaginem se eles tivessem vencido. Vou dizer como seria: dariam corridinhas espertas na sua celebração rotineira de um assassinato, espichariam a boca em mil caratonhas cool, cerrariam os punhos e levantariam a cabeça acima dos comuns dos mortais. Mas não são de nada, nunca foram. Ganharam uma Copa subornando o Peru e outra fazendo gol com a mão.
Demos 3 x 1 e saímos classificados para a Copa. Dunga deixou escapar uma expressão de "modéstia à parte". Merece todos os elogios, nosso grande capitão. Sujeito de aparência bisonha, emburrado, insuportável. Um cara que levantou a copa do mundo dizendo: "Está aqui esta merda, porra". São assim os jogadores verdadeiros de futebol, um esporte exercido pelos espíritos livres.
Ou quem negará que aquele totozinho do Luiz Fabiano depois do genial passe em diagonal do Kaká, e que cobriu o goleiro, foi ou não um lance miserável em que ninguém acreditou que era gol e que quando entrou desmoralizou as tropas inimigas. Foi ali que a bola quicou dentro da cidadela adversária e lá ficou, fazendo molecagem, enquanto "las madres terribles levantaron la cabeza", como disse um dia Lorca, "e junto a las ganaderias hubo un aire de voces secretas, que hablaban a toros celestes, mayorales de palida niebla".
Maradona, vai procurar tua turma. Deixa de bobagem, rapaz. Vais acabar ficando em casa junto com todos os seus grandes jogadores. Em vez de ir à África, vão disputar um amistoso com a Venezuela. Tosco Tevez x Tosco Chavez.
RETORNO - Certa vez uma pessoa, muito querida na redação, disse: "Eu adoro..." Alguém comentou, no bate-pronto: "Você adora porque é adorável". Com Maradona, que nos considera covardes, e acha que temos medo do futebol deles, além de ter dopado nossos jogadores na Copa de 90, quando nos desclassificaram, ocorre o contrário: como ele nos execra, não passa de uma pessoa execrável. Deve agora, até o fim da Copa da África, envergar a camisa canarinho, como castigo por ter dito tanta asneira sobre os pentacampeões do mundo. A Argentina parece o vizinho que eu conheço: quando você está fundindo os miolos para escrever alguma coisa, ele liga a serra elétrica. Não que precise. É para incomodar, mesmo.
A soberba argentina está explícita também nos nomes de seus estadiozinhos. Aqueles alçapões sao chamados de Monumental de Nuñes ou Gigante del Arroyoto. São estádios um pouco maiores do que o do Juventus, na rua Javari, em São Paulo, quase do tamanho do Estádio Eurico Lara, de Uruguaiana. Se puserem ao lado do Maracanã, viram poeira. Isso não significa superioridade nossa, era só o que faltava. Mas, com exceção do Gigante da Beira Rio, nossos estádios não costumam se chamar Colosso ou Magnífico. Imaginem se o Maracanã fosse argentino. Iriam chamar de quê? El Tremebundo? El Estupendo Mayoral? El Gran Pelotudo?
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