Nei Duclós
A Lua cheia de ontem
raspou o azulão escuro
do céu noturno até torná-lo quase translúcido
na ausência de nuvem da manhã feita de pluma
Sábado que se espreguiça se fazendo de difícil
Usufruímos do sol o jogo oculto da alquimia
entre o claro destino do dia, que parece eterno,
e a herança precária do escuro, imperceptível,
que aprontou por destino, véspera de domingo
Bastou despertar para que milagres existam
e nos contem como foram parar depois da cama
a recolher gemidos gerados em lençóis de linho
Não era para haver poesia quando temos tudo
a rebater explícito no arrulho de pombas
em telhados de vidro, palavras do outro mundo