Nei Duclós
Pus a concha no ouvido, não escutei
o mar, ele tinha sumido para o teu olhar.
Cortei o poema, ele ficou sangrando.
Escrevo escondido para leres no
escuro.
Tua fala vem desacompanhada. Manténs
oculta a fonte da palavra. Eu farejo pelo perfume do verbo, mas jamais chego ao
que dizes de verdade.
Nossa poesia vai evaporar como água
depois da chuva. Lhe faltará o que hoje lhe sobra, tempo.
Não te convenço porque me perco. E
ao me perder, me encontro . É quando me recolhes, pronto sem sabermos um do
outro.
É insuportável ficarmos à parte. Não
sei onde colocar tanto desejo. Talvez te envie pelo correio, para que lembres.
Fui
convidado a entrar pelo teu sorriso, enquanto teu corpo se contraía. Aos poucos
foste tomada pela visita.
Sempre que entras em desespero,
descubro que és humana. Fico sem saber o que fazer, eu, boneco de molas.
O inverno te tirou do circuito.
Lembre que moramos no azul do infinito.
Quando me vires sem rumo não se
penalize. Sou o corpo do futuro furando a onda.
Quando o tempo enfim encerrou o
expediente e as estrelas tombaram como insetos no lampião sem brilho, te tirei
para dançar, sombra que se inventa sozinha
A natureza interrompeu os
pensamentos. É quando se concentrou no que interessa,
teus ombros, as curvas da promessa.
teus ombros, as curvas da promessa.
Sem bom humor não há bem querer.
Você me abandonou, disse ele sem
obter resposta.
Tua fala vem desacompanhada. Manténs oculta a fonte da
palavra. Eu farejo pelo perfume do verbo, mas jamais chego ao que dizes de
verdade.
Senti tanta falta que me perdoaste.
Abracei o ar, que era tu. Evaporaste
ainda em flor, brisa marinha.
Melhor não acreditar em nada. Fugir
da pegada.
Você é muito linda. Deixa eu te
dizer antes que o dia me imponha percepções falsas.
Puseste o poema no freezer. As
sílabas viraram gelo. O amor, urso polar, sonhou com a primavera.
Deixei um bilhete, nem leste,
garanto.
Voltaste da farra, já estou me
mandando.
Pulei a palavra, ela acabou me
alcançando
Não disse a que veio, ficou só me
olhando.
Estás saindo apressada. Não se
esqueça do amor.
FILHOTES DE LOBO
Poemas como filhotes de lobo.
Pequeninos, as pessoas se aproximam. Com o tempo, eles saem à caça.
Eu tinha razão, ou seja, estava
errado.
A vaidade da Lua inventou um espelho,
o mar, que precisava de um suporte, a Terra. Essa é a origem do sistema
Terra-Lua.
Viver, maldito ofício, mudar de
roupa por um século.
O cara é realmente impagável.
Consegue dizer em poucas palavras um monte de coisas inúteis.
O que achou? perguntou o autor. Você
é bom, mas é ruim, disse o crítico.
Sábado de lua, uma hora frio, outra
morno, como a experimentar fases simultâneas.
RETORNO - Imagem desta edição: Elizabeth Taylor.