20 de janeiro de 2013

RASTRO



Nei Duclós

Te perdi para sempre, rastro de areia
o sopro do mar te colocou na bateia
sobraram beijos que jamais me deste
nosso amor é inútil como este poema

Seguir com o verso apenas por vício
secreta esperança de um dia revê-la
mesmo impossível, a chance extrema
 amante perdido entre o sal e a rede

Começo a verter o sangue da espera
chocalho que vibra em céu retorcido
escutas de longe, remorso de estrela

Bato o tambor, invento o desfile
sabendo que é surda tua companhia
Moras em mim num fingido exílio


RETORNO – Imagem desta edição: Claudia Cardinale.