23 de janeiro de 2013

BRANCA SEDA



Nei Duclós

O tempo só vale a pena se houver Lua,
de preferência transparente, no azul do dia,
entre folhas que a abanam,
balão de branca seda, luz crescente.

E também se vieres a Leste do meu beijo
de rendas finas, e grossa oferenda
que impregne o mar de ramalhetes
renque de perfumes de um convite

É importante a presença sem insultos
o mutismo que sopre em catavento
e rinja, articulado, no excesso de zelo

Folhas a esmo, corações numa bandeja
e o mistério de haver apenas sonho
quando tudo rola para o abismo


RETORNO – Imagem desta edição: foto de Marili Benthien.