É tão intenso e profundo o trabalho de Miguel Lobato Duclós (1978-2015),
que a nós cabe tê-lo acessível para que possamos ler, visitar, reler e
aprender. O filósofo deixou disponível todo o seu acervo, compartilhado generosamente
entre todos, cientistas, leigos, especialistas. Sua obra ultrapassa o meramente
acadêmico, trata-se de um acervo autoral que estamos selecionando para uma
futura publicação.
Miguel produzia sistematicamente seus textos a partir de
estudos e reflexões e a essa missão dedicou sua curta vida. Como navegou, além
do ambiente universitário, na internet e nas redes sociais para colocar-se na
maré alta do seu tempo, é por aqui que vamos mantê-lo junto, enquanto nas
universidades por onde passou deverá ser lembrado como um dedicado estudioso.
Miguel mora eternamente em nosso coração que não se conforma
com tamanha perda. Diminuímos física e emocionalmente com sua partida.
Precisamos agora ser melhores do que fomos quando estava perto de nós.
Intelectualmente podemos ser acolhido por seu talento e o esforço que fez numa
época que ignora seus mais destacados espíritos.
No texto a seguir, mais uma aula que Miguel desenvolve com a seriedade de sempre.
"HEGEL: UNIFICAÇÃO DE ONTOLOGIA E LÓGICA"
MIGUEL DUCLÓS
Trabalho originalmente apresentado para o CFH-UFSC (2007)
1. Kant e o “fim” da metafísica.
Como é sabido, o sistema de Kant deixou uma tarefa
intrincada para a posteridade ao reconceituar a metafísica na dissecação
detalhada da razão humana que empreendeu, gerando uma revolução divisora de
águas na história da filosofia. O autor tinha pleno conhecimento destas
implicações, tanto que intitulou um de seus escritos como “Prolegômenos a toda
metafísica futura que queria se apresentar como ciência”. Este livro, lançado
em 1783, dois anos depois, portanto da primeira edição da Crítica da Razão
Pura, de 1781, embora a obra-prima de Kant só tenha se tornado amplamente
conhecida a partir dos artigos publicados na imprensa por Schütz, Schultz e
Reinhold e a segunda edição, em 1789. Diante da recepção da sua obra, tida como
difícil e de uma redação seca e pesada, Kant escreveu os “Prolegômenos”,
mudando o método de exposição de analítico para sintético, e buscando assim
atingir um público mais amplo, difundindo, de certa forma, o alcance das suas
pretensões de estabelecer uma metafísica verdadeiramente científica. Estes
prolegômenos são, portanto, como que uma explicação da Crítica, com as mesmas
questões tratadas de forma menos detalhada. Desta forma, não é demais acolher
neste subtítulo a problemática envolvida também na obra principal.
Na explicação de sua trajetória, no começo deste livro,
encontra-se a famosa frase de Kant acerca de David Hume. Este o teria
“despertado de seu sono dogmático”. Este dogmatismo do Kant pré-crítico pode
ser percebido pela sua escolha, como professor, dos manuais de Christian Wolff
– importante filósofo que sucedeu Leibniz e foi influente nas educacionais da
época. – e Baumgartem Hume atacou um dos fundamentos da razão, a lei da
causalidade, e consequentemente, também o dogmatismo metafísico. Pois este
aceita como pressuposto, sem questionamento, a idéia de existência de uma
realidade acessível à razão, como Deus, alma, mundo, matéria, forma ou
substância. A “revolução copernicana” de Kant, contudo, trará uma nova
perspectiva para o tratamento destas questões. Antes, considerava-se que o
mundo estava em repouso e o sol girava em torno dele, por isso os cálculos
astronômicos não coincindiam; Copérnico então considerou o sol imóvel e a Terra
móvel, a realizar o giro em torno do astro. Assim como o Sol, a razão também
girava em torno do mundo, buscando iluminá-los. Com Kant a razão fica imóvel e
o mundo dos fenômenos é por ela iluminado conforme o raio de sua ação. Como
sabemos, Kant, na procura por um juízo sintético a priori que confirmasse a
metafísica, fez a distinção entre os chamados phaenomena e noumena, ou as
coisas tais como aparecem ao sujeito (fenômenos) e tais como são nelas mesmas
(coisa-em-si). Este último aparece como um limite inacessível à razão humana.
Kant faz a separação entre o domínio do ser e o domínio do
pensar, inaugurando como necessário um novo sentido para a palavra metafísica.
As categorias, portanto, são conceitos puros a priori, ou seja, surgem
extraídas das coisas, mas impostos por nós mesmos. Kant com isso intenta
eliminar o legado do realismo aristotélico, fixando a correlação essencial
entre sujeito e o objeto. O objeto do conhecimento só pode ser chamado objeto
porque lhe são oferecidas as condições do conhecimento. Os conceitos
metafísicos que elencamos, portanto, são impossibilitados por este engenhoso
cheque da razão pura. E não somente a filosofia é afetada, mas também a
religião, já que está é pensada nos limites da simples razão, como vemos na
análise que Kant faz das três provas teológicas – ou seja, racionais da
existência de Deus, a ontológica, a físico-teológica e a cosmológica.
Como observa o poeta romântico Henrich Heine[i], com a
Crítica da Razão Pura de Kant, a Filosofia se tornava uma questão nacional
naquele país. Vários novos pensadores de grande porte brotaram do solo local e,
seguindo a linha do mestre, surgiram alguns discípulos que logo se destacaram.
Dentre eles ficaram conhecidos os pensadores que deram origem ao amplo e
fecundo movimento de pensamento chamado de Idealismo Alemão Pós-Kantiano, com
os sistemas de Fichte, Schelling e Hegel. O Idealismo segue uma direção
diferente no problema fundamental da metafísica (o que é o Ser? O que é o
pensar?). Estes Idealistas lidavam diretamente com o ataque de Kant à
metafísica, mas não queriam abrir mão do absoluto. Esta busca pelo
incondicionado revela também uma sede de conhecimento não relativo. A busca do
absoluto incondicionado torna-se, portanto, um ideal de conhecimento. Como
retomar os objetos clássicos da metafísica sem ignorar o ataque kantiano é o
mote dos idealistas alemães.
2. Idealistas
Alemães
O primeiro deles, Fichte, parte do absoluto e realiza a sua
intuição intelectual. Com esta associa o Absoluto com eu, na forma de eu
absoluto – não o “eu” empírico, mas o “eu” em geral, da subjetividade geral.
[ii]Mas o eu absoluto,.que é aquilo que o absoluto é (o absoluto é o eu), não
consiste em pensar, pois o pensar vem depois. Consiste em fazer, consiste numa
atividade. A essência do absoluto, do eu absoluto, é para Fichte a ação, a
atividade.
Para Schelling “o absoluto está associado à harmonia, à
identidade, à unidade sintética dos contrários, àquela unidade total que
identifica num seio materno. (…) O absoluto de Schelling é a unidade vivente,
espiritual, na qual estão contidas potencialmente todas as diversidades do
mundo que conhecemos” (MORENTE, 1967) [iii]. Essa unidade vivente é anterior a
tudo e afirma-se como identidade. Há um renascimento de Spinoza, o último
grande racionalista, no Idealismo Alemão. O mundo é uma grande substância que é
Deus, os seres finitos são determinações desta substância única. No chamado
panteísmo, Deus é e está em todas as coisas, e todo finito é determinação que nega
esta substância única. Notável é a influência do Deus Sive Natura espinosano em
Schelling, e para ele em tudo que existe há uma fundamental identidade; tudo é
uma e a mesma coisa; as coisas, por diferentes que pareçam, vistas de um certo
ponto, vêm todas fundir-se nesta matriz idêntica de todo ser que é o absoluto:
o único que é infinitamente afirmante, infinitamente afirmado e a indiferença
de ambos. O Deus-Universo-Todo é, pois, a identidade absoluta da natureza e do
pensamento, da matéria e do Espírito. Em Schelling, a diferenciação do Absoluto
é o que distingue a Natureza o Espírito. Mas a distinção nunca é dissolve da
identidade. A natureza está repletas de espíritos, porém o espírito é a também,
a seu modo, natureza. O espinosismo dos idealistas se mistura com o insurgente
romantismo alemão. Até mesmo Hegel é debitário de Espinosa ao colocar o
problema da unidade, como veremos. Fichte escreve a Schelling, em carta “na sua
ausência tornei-me espinosista. Mas para mim a substância não é o todo, mas o Eu”.
O idealismo alemão sintetiza o espinosismo com o sistema de Kant. Porém, cada
autor pensou esta síntese de maneira própria.
Heine nos diz que Schelling, ao contrário de Fichte e Hegel,
não chegou a fixar uma obra que delimitasse de forma definitiva seu sistema.
Seus livros, seguindo uma ordem cronológica, delineiam a lenta formação de uma
idéia gradual, onde se fixa uma idéia fundamental. Além da filosofia, tem força
no pensamento deste autor a poesia, que utiliza de forma fecunda na construção
de imagens simbólicas, em detrimento do campo frio da lógica. Talvez neste grau
literário de sua obra resida justamente sua força, mas talvez também seja um
dos pontos que levou Hegel a se desligar do círculo e romper com o amigo,
deixando-o praticamente no ostracismo autoral e partindo para ser uma espécie
de “filósofo oficial da Alemanha”, mais tarde, quando professor em Berlim.
Vejamos como isso ocorreu. Hegel é um discípulo de Schelling que aos poucos se
apropriou do poder do mestre, deixando-o obedecer-lhe e, finalmente, lançando-o
na obscuridade.
Encorajado por seus pais a se tornar um pastor, Hegel
ingressou no seminário da Universidade de Tübingen em 1788. A influência do
luteranismo e da palavra de Cristo permanece em Hegel mesmo durante todo o
desenvolvimento de sua trajetória filosófica. De certa forma, isto se deve à
sua formação inicial, calcada no contexto histórico, que encontrou um ambiente
seminal em Iena, onde também que começou a amizade com personalidades que
viriam a se tornar grandes autores posteriormente, como Hölderlin e Schelling.
Ali estudava quando se deu a queda da Bastilha, e Hegel logo se tornou um
grande entusiasta da Revolução Francesa, da queda da Bastilha, e mais tarde de
Napoleão, antes deste se proclamar imperador. A celebração da liberdade como
ideal regulador, que já aparece em Kant, permeia também o projeto hegeliano por
toda a vida. Quando Napoleão vence os prussianos, na Batalha de Jena, Hegel já
estava redigindo uma grande obra de maturidade, a Fenomenologia do Espirito, em
1807. Havia se mudado para esta cidade em 1801, para dar aulas na universidade
local. Em Iena se cultivavam a poesia, a arte e a política.
3. Hegel e o
rompimento com os idealistas
O prefácio da Fenomenologia do Espírito marca da separação
de Hegel com Schelling, o adeus ao romantismo adotado pelos outros idealistas e
também o vôo impulsionado pelas aspirações artísticas das experiências
estéticas de vanguarda, que criavam uma alternativa ao racionalismo ao
possibilitar o “esquecimento de si”. Confronta o idealismo, por considerar que
este quer se por contra o mundo por conta de suas deficiências, ou buscar algo
melhor que a realidade. Hegel recupera, portanto, traços do realismo em seu
sistema idealista. É a ciência do mundo real, o espírito compreendendo-se a si
mesmo em sua própria exteriorização e manifestações, que agora deve ser
buscado. Hegel é ainda idealista, mas a unificação da Idéia tem sempre um
correspondente na multiplicidade da existência. O idealismo realista nunca
perde sua ligação com os fatos.
Kant investigara as possibilidades do conhecimento,
inaugurando, com isso, uma teoria da percepção; se um objeto se dá, ele tem de
ser percebido antes de ser conceito. Hegel, por sua vez, perguntando como toda
a experiência humana é possível, responde que a “Fenomenologia do Espírito”
(1807) é a própria evolução da consciência no interior do processo histórico.
Hegel é o modelo do intelectual puro, de homem lógico, de pensador racional e
frio. Quando era estudante, seus colegas o chamavam “o velho”. Sobre este
aspecto, é curioso lembrar a sua famosa definição de filosofia na obra
Princípios da Filosofia do Direito, de 1821, que coloca a coruja minervina como
símbolo da filosofia:
“Quando a filosofia pinta cinza sobre o grisalho, uma forma
de vida já envelheceu, e com o cinza sobre o cinza não se pode rejuvenescer,
apenas reconhecer; a coruja de Minerva alça seu vôo somente com o início do
crepúsculo.”
4. Unificação de
Lógica e Ontologia
Hegel esteve envolto na superação da aparente aporia kantiana.
Para Hegel, as restrições kantianas nos afastariam do conhecimento
especulativo, nos aproximando do senso comum. Hegel pretende continuar o
projeto crítico dando, porém uma solução para a incognoscibilidade da
coisa-em-si em contraposição do fenômeno. Para instaurar o começo da ciência é
necessário a lógica. Sem as categotias do pensamento o conhecimento seria
vazio. Elas são o o ponto de partida para descrever o fenômeno. Mas para dar
este passo, era preciso livrar-se das perturbações da consciência e com a
separação rígida entre o homem que conhece e o mundo a ser conhecido. Estas
superações das cisões são como que a grande realização que o sistema de Hegel
propõe para conseguir solucionar o problema kantiano. A ciência da lógica
pretende a superação da filosofia anterior. Para isto, era preciso uma maneira
de unificar a lógica – as categorias do pensamento subjetivo– com a ontologia,
as categorias do ser. O estudo do ser não é separado do pensamento. O ser é
constituído como pensamento, e o pensamento revela o ser. Apenas o pensamento
vazio procura fora de si algum conteúdo. Antes, o objeto era visto como
auto-suficiente e o pensamento absorvia impressões de fora. A verdade era a
adequação da forma ao conteúdo. Hegel pretendeu dar fim a este impasse, e por
isso criticou as dicotomias – como o dualismo cartesiano – e a clássica
subordinação do sujeito ao objeto. Isso só foi possível porque, como dissemos,
a filosofia de Hegel tem esta tonalidade fortemente sentido racional, expressa
na notória fórmula “o real é racional, o racional é real”, Para Hegel ponto de
partida de Hegel é o absoluto, e este é identificado com a razão. À pergunta
metafísica: que é o que existe? A resposta de Hegel é: existe a razão. Tudo o
mais são fenômenos da razão, manifestações da razão.
Mas, a razão em Hegel não é razão estática, inerte, ou uma
faculdade captadora de conceitos, subjetiva. A razão é concebida por Hegel como
uma potência dinâmica cheia de possibilidades que se desenvolvem no tempo; é
como um movimento. Não há na realidade algo que não tenha uma justificação
racional. Esta razão que é o absoluto, efetiva através de suas estruturas
internos Hegel chama lógica, dando à palavra um sentido até então não habitual.
O estudo da lógica mostra que a razão ao desenvolver-se, ao explicitar-se ela
mesma, vai realizando suas razões, vai realizando suas teses, logo as
antíteses, logo outra tese superior, e assim a razão mesma vai criando seu
próprio fenômeno, vai-se manifestando nas formas materiais, nas formas
matemáticas, que são o mais elementar da razão; nas formas causais, que são o
mais elementar da física; nas formas finais, que são as formas dos seres
viventes, e logo nas formas intelectuais, psicológicas, no homem, na história.
Assim, tudo quanto é, tudo quanto foi, tudo quanto será, não é senão a
fenomenalização, a realização sucessiva e progressiva dos germes racionais, que
estão todos na razão absoluta.
O fundamento do ser é também um vir a ser e isso o faz
conseqüência, produto, efeito. Por outro lado, o que faz a conseqüência, o que
produz, o que causa, também é mediado enquanto origem através do que realiza. A
mediação não se apresenta senão pela imediação. A imediação, por sua vez, não
escapa da mediação, pois adquire sua expressão na sua manifestação ou no seu acontecer.
Pode-se indicar aqui que em Hegel há uma insuficiência do que é em si que busca
sua satisfação no reconhecimento da própria insuficiência.
O sistema de Hegel inaugurado na Fenomenologia e exposto na
Enciclopédia tem esta aspiração de totalidade, de dar conta dos diversos ramos
do saber. O objetivo de Hegel é captar aas ciências uma unidade orgânica que,
com o poderoso recurso da dialética, anima em seu movimento interno as partes
necessárias de um todo, que é a filosofia. O objeto de Hegel neste aspecto não
é ode de ditar normas ao real, mas descrevê-lo. Na obra que condensa o sistema,
a Enciclopédia das Ciências Filosóficas: em Compêndio, ele afirma, no parágrafo
15:
"Cada parte da filosofia é um todo filosófico, um
círculo que se fecha sobre si mesmo mas no qual a idéia filosófica vive numa
determinação particular".
Apesar da lógica da circularidade que é subjacente ao
sistema, existem contudo partes, que, só são inteligíveis na sua referência ao
todo mas, por outro lado, é justamente por ser partes do todo que ganham uma
necessidade e uma legitimidade que não teriam enquanto individualidades
autônomas. A exposição da constituição da idéia é um tema da Lógica. O sistema
como um todo tem três partes, e cada parte segue a lei ternária. Cada verdade,
cada realidade, tem três aspectous ou estágios. O primeiro passo é a afirmação
preliminar e a unidicação, o segundo é a negação e a diferenciação, e o
terceiro e final é síntese. Por exemplo, a semente da planta é a unidade
inicial da vida que, quando encontra solo apropriado, desconstitui—se e, ainda
em virtude de sua unidade vital, mantém estes elementos divergentes uníssonos,
para reaparecer como a planta que tem seus membros unidos organicamente. A
indução também segue as mesmas etapas, com a hipótese original unifica-se o
fato, mas é dissolvida quando confrontada com fatos opostos. O conhecimento
científico só avança quando a unificação original se torna forte a tal ponto
que reunifique os fatos discordantes.
5. Conclusão:
Chegando ao Absoluto.
Kant escreveu o famoso ensaio “O que é o esclarecimento?”
(Aufklarung) Um reflexo desta ênfase kantiana no iluminismo, no poder da razão
como luz natural, sentimos na afirmação devastadora de Hegel no prefácio da
Fenomenologia do Espirito, que encontrou um alvo certeiro de Schelling:
Aqui, considerar um ser-aí qualquer, como é no absoluto, não
consiste em outra coisa senão em dizer que dele se falou como se fosse um certo
algo; mas que no absoluto, no A=A, não há nada disso, pois lá tudo é uma coisa
só. É ingenuidade de quem está vazio de conhecimento pôr esse saber único – de
que tudo é igual no absoluto – em oposição ao conhecimento diferenciador e
pleno (ou buscando a plenitude); ou então fazer de conta que seu absoluto é a
noite em que "todos os gatos são pardos", como se costuma dizer.
Ou seja, um absoluto estático, indiferenciado, onde tudo é
igual Hegel procura combater isso ao colocar o movimento e a diferenciação no
tratamento da questão. Para Hegel, a solução de Schelling de uma “intuição
intelectual” que chega ao Absoluto não é satisfatória. É o percurso da
consciência que busca chegar ao Absoluto.
O Absoluto de Hegel está em movimento. A experiência da
consciência está em movimento, fazendo o percurso que leva ao Espírito em
movimento. O absoluto é o Espírito na relação piramidal com a lógica e a
Natureza. O Espírito é o princípio de todo o sensível (a lógica) e do ser (a
natureza). Mas é apenas no desenvolvimento de si mesmo e como objeto de si
mesmo, que o Espírito se dá a conhecer. As grandes figuras do Espírito são o
direito, a moral, a vida social política, a arte, a religião e a filosofia.
Estes são evocados como uma auto-diferenciação em relação à identidade com o
Absoluto. O Espírito, que não se constrói em seus atos, revela-se sempre vivo
no coração dos seus sistemas.
A realidade efetiva do sujeito vai ficar dependendo da
consciência de si; o sujeito que se apreende a si mesmo, se apreende como
conceito: a pessoa tem que ser um
conceito existente, desde que o sujeito seja pensado como “Geist” (Espírito),
que seja visto pelo que ele sabe dele mesmo. Hegel estava interessado na
historicidade da vida do Espírito. Ao longo de toda essa conquista de si, a
qual implica o desenvolvimento da religião, do trabalho, da arte, da cultura,
da política etc.; para que haja história, cujo desenrolar contínuo alcança o
Saber Absoluto, é preciso que o Espírito se desenvolva a partir do seu próprio
conceito."
6. Bibliografia
Consultada:
6.1.
Autores:
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos
Santos e Alexandre Fradique Morujão.. Ed. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa:
2001
______. Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura. Trad. Artur
Mourão. Edições 70, Lisboa, 1988.
HEGEL, F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas, Trad, Paulo
Meneses, São Paulo: 1995. Ed. Loyola
______ Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses.
Petrópolis: Vozes, 1992.
6.2.
Comentários
HEINE, H. Contribuição à História da Religião e Filosofia na
Alemanha, Editora Iluminuras; Trad. Márcio Suzuki. São Paulo.
MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia. Trad. de Guillermo da
Cruz Coronado. Ed. Mestre Jou. Sâo Paulo, 1967.
6.3.
WebSites:
http://www.consciencia.org/logica_hegel_roberto.shtml
http://www.educ.fc.ul.pt/hyper/enciclopedia/cap3p7/romantico.htm
http://www.marxists.org/reference/archive/hegel/help/hegelbio.htm
http://en.wikipedia.org/
http://fr.wikipedia.org/
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_2_9.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000200003&script=sci_arttext
http://plato.stanford.edu
6.4.
Anotação das Aula da Profª Maria de Lourdes Borges. UFSC – Segundo
Semestre de 2007.
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.consciencia.org/hegel-unificacao-de-ontologia-e-logica&gws_rd=cr&ei=nxhDVuTFOcOlwgTz6rnYBg
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