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11 de novembro de 2015

O FÔLEGO DO CONHECIMENTO




É tão intenso e profundo o trabalho de Miguel Lobato Duclós (1978-2015), que a nós cabe tê-lo acessível para que possamos ler, visitar, reler e aprender. O filósofo deixou disponível todo o seu acervo, compartilhado generosamente entre todos, cientistas, leigos, especialistas. Sua obra ultrapassa o meramente acadêmico, trata-se de um acervo autoral que estamos selecionando para uma futura publicação.



Miguel produzia sistematicamente seus textos a partir de estudos e reflexões e a essa missão dedicou sua curta vida. Como navegou, além do ambiente universitário, na internet e nas redes sociais para colocar-se na maré alta do seu tempo, é por aqui que vamos mantê-lo junto, enquanto nas universidades por onde passou deverá ser lembrado como um dedicado estudioso.



Miguel mora eternamente em nosso coração que não se conforma com tamanha perda. Diminuímos física e emocionalmente com sua partida. Precisamos agora ser melhores do que fomos quando estava perto de nós. Intelectualmente podemos ser acolhido por seu talento e o esforço que fez numa época que ignora seus mais destacados espíritos.



No texto a seguir, mais uma aula que Miguel desenvolve com a seriedade de sempre.




"HEGEL: UNIFICAÇÃO DE ONTOLOGIA E LÓGICA"



MIGUEL DUCLÓS



Trabalho originalmente apresentado para o CFH-UFSC (2007)

1. Kant e o “fim” da metafísica.

Como é sabido, o sistema de Kant deixou uma tarefa intrincada para a posteridade ao reconceituar a metafísica na dissecação detalhada da razão humana que empreendeu, gerando uma revolução divisora de águas na história da filosofia. O autor tinha pleno conhecimento destas implicações, tanto que intitulou um de seus escritos como “Prolegômenos a toda metafísica futura que queria se apresentar como ciência”. Este livro, lançado em 1783, dois anos depois, portanto da primeira edição da Crítica da Razão Pura, de 1781, embora a obra-prima de Kant só tenha se tornado amplamente conhecida a partir dos artigos publicados na imprensa por Schütz, Schultz e Reinhold e a segunda edição, em 1789. Diante da recepção da sua obra, tida como difícil e de uma redação seca e pesada, Kant escreveu os “Prolegômenos”, mudando o método de exposição de analítico para sintético, e buscando assim atingir um público mais amplo, difundindo, de certa forma, o alcance das suas pretensões de estabelecer uma metafísica verdadeiramente científica. Estes prolegômenos são, portanto, como que uma explicação da Crítica, com as mesmas questões tratadas de forma menos detalhada. Desta forma, não é demais acolher neste subtítulo a problemática envolvida também na obra principal.

Na explicação de sua trajetória, no começo deste livro, encontra-se a famosa frase de Kant acerca de David Hume. Este o teria “despertado de seu sono dogmático”. Este dogmatismo do Kant pré-crítico pode ser percebido pela sua escolha, como professor, dos manuais de Christian Wolff – importante filósofo que sucedeu Leibniz e foi influente nas educacionais da época. – e Baumgartem Hume atacou um dos fundamentos da razão, a lei da causalidade, e consequentemente, também o dogmatismo metafísico. Pois este aceita como pressuposto, sem questionamento, a idéia de existência de uma realidade acessível à razão, como Deus, alma, mundo, matéria, forma ou substância. A “revolução copernicana” de Kant, contudo, trará uma nova perspectiva para o tratamento destas questões. Antes, considerava-se que o mundo estava em repouso e o sol girava em torno dele, por isso os cálculos astronômicos não coincindiam; Copérnico então considerou o sol imóvel e a Terra móvel, a realizar o giro em torno do astro. Assim como o Sol, a razão também girava em torno do mundo, buscando iluminá-los. Com Kant a razão fica imóvel e o mundo dos fenômenos é por ela iluminado conforme o raio de sua ação. Como sabemos, Kant, na procura por um juízo sintético a priori que confirmasse a metafísica, fez a distinção entre os chamados phaenomena e noumena, ou as coisas tais como aparecem ao sujeito (fenômenos) e tais como são nelas mesmas (coisa-em-si). Este último aparece como um limite inacessível à razão humana.

Kant faz a separação entre o domínio do ser e o domínio do pensar, inaugurando como necessário um novo sentido para a palavra metafísica. As categorias, portanto, são conceitos puros a priori, ou seja, surgem extraídas das coisas, mas impostos por nós mesmos. Kant com isso intenta eliminar o legado do realismo aristotélico, fixando a correlação essencial entre sujeito e o objeto. O objeto do conhecimento só pode ser chamado objeto porque lhe são oferecidas as condições do conhecimento. Os conceitos metafísicos que elencamos, portanto, são impossibilitados por este engenhoso cheque da razão pura. E não somente a filosofia é afetada, mas também a religião, já que está é pensada nos limites da simples razão, como vemos na análise que Kant faz das três provas teológicas – ou seja, racionais da existência de Deus, a ontológica, a físico-teológica e a cosmológica.

Como observa o poeta romântico Henrich Heine[i], com a Crítica da Razão Pura de Kant, a Filosofia se tornava uma questão nacional naquele país. Vários novos pensadores de grande porte brotaram do solo local e, seguindo a linha do mestre, surgiram alguns discípulos que logo se destacaram. Dentre eles ficaram conhecidos os pensadores que deram origem ao amplo e fecundo movimento de pensamento chamado de Idealismo Alemão Pós-Kantiano, com os sistemas de Fichte, Schelling e Hegel. O Idealismo segue uma direção diferente no problema fundamental da metafísica (o que é o Ser? O que é o pensar?). Estes Idealistas lidavam diretamente com o ataque de Kant à metafísica, mas não queriam abrir mão do absoluto. Esta busca pelo incondicionado revela também uma sede de conhecimento não relativo. A busca do absoluto incondicionado torna-se, portanto, um ideal de conhecimento. Como retomar os objetos clássicos da metafísica sem ignorar o ataque kantiano é o mote dos idealistas alemães.


2.     Idealistas Alemães

O primeiro deles, Fichte, parte do absoluto e realiza a sua intuição intelectual. Com esta associa o Absoluto com eu, na forma de eu absoluto – não o “eu” empírico, mas o “eu” em geral, da subjetividade geral. [ii]Mas o eu absoluto,.que é aquilo que o absoluto é (o absoluto é o eu), não consiste em pensar, pois o pensar vem depois. Consiste em fazer, consiste numa atividade. A essência do absoluto, do eu absoluto, é para Fichte a ação, a atividade.

Para Schelling “o absoluto está associado à harmonia, à identidade, à unidade sintética dos contrários, àquela unidade total que identifica num seio materno. (…) O absoluto de Schelling é a unidade vivente, espiritual, na qual estão contidas potencialmente todas as diversidades do mundo que conhecemos” (MORENTE, 1967) [iii]. Essa unidade vivente é anterior a tudo e afirma-se como identidade. Há um renascimento de Spinoza, o último grande racionalista, no Idealismo Alemão. O mundo é uma grande substância que é Deus, os seres finitos são determinações desta substância única. No chamado panteísmo, Deus é e está em todas as coisas, e todo finito é determinação que nega esta substância única. Notável é a influência do Deus Sive Natura espinosano em Schelling, e para ele em tudo que existe há uma fundamental identidade; tudo é uma e a mesma coisa; as coisas, por diferentes que pareçam, vistas de um certo ponto, vêm todas fundir-se nesta matriz idêntica de todo ser que é o absoluto: o único que é infinitamente afirmante, infinitamente afirmado e a indiferença de ambos. O Deus-Universo-Todo é, pois, a identidade absoluta da natureza e do pensamento, da matéria e do Espírito. Em Schelling, a diferenciação do Absoluto é o que distingue a Natureza o Espírito. Mas a distinção nunca é dissolve da identidade. A natureza está repletas de espíritos, porém o espírito é a também, a seu modo, natureza. O espinosismo dos idealistas se mistura com o insurgente romantismo alemão. Até mesmo Hegel é debitário de Espinosa ao colocar o problema da unidade, como veremos. Fichte escreve a Schelling, em carta “na sua ausência tornei-me espinosista. Mas para mim a substância não é o todo, mas o Eu”. O idealismo alemão sintetiza o espinosismo com o sistema de Kant. Porém, cada autor pensou esta síntese de maneira própria.

Heine nos diz que Schelling, ao contrário de Fichte e Hegel, não chegou a fixar uma obra que delimitasse de forma definitiva seu sistema. Seus livros, seguindo uma ordem cronológica, delineiam a lenta formação de uma idéia gradual, onde se fixa uma idéia fundamental. Além da filosofia, tem força no pensamento deste autor a poesia, que utiliza de forma fecunda na construção de imagens simbólicas, em detrimento do campo frio da lógica. Talvez neste grau literário de sua obra resida justamente sua força, mas talvez também seja um dos pontos que levou Hegel a se desligar do círculo e romper com o amigo, deixando-o praticamente no ostracismo autoral e partindo para ser uma espécie de “filósofo oficial da Alemanha”, mais tarde, quando professor em Berlim. Vejamos como isso ocorreu. Hegel é um discípulo de Schelling que aos poucos se apropriou do poder do mestre, deixando-o obedecer-lhe e, finalmente, lançando-o na obscuridade.

Encorajado por seus pais a se tornar um pastor, Hegel ingressou no seminário da Universidade de Tübingen em 1788. A influência do luteranismo e da palavra de Cristo permanece em Hegel mesmo durante todo o desenvolvimento de sua trajetória filosófica. De certa forma, isto se deve à sua formação inicial, calcada no contexto histórico, que encontrou um ambiente seminal em Iena, onde também que começou a amizade com personalidades que viriam a se tornar grandes autores posteriormente, como Hölderlin e Schelling. Ali estudava quando se deu a queda da Bastilha, e Hegel logo se tornou um grande entusiasta da Revolução Francesa, da queda da Bastilha, e mais tarde de Napoleão, antes deste se proclamar imperador. A celebração da liberdade como ideal regulador, que já aparece em Kant, permeia também o projeto hegeliano por toda a vida. Quando Napoleão vence os prussianos, na Batalha de Jena, Hegel já estava redigindo uma grande obra de maturidade, a Fenomenologia do Espirito, em 1807. Havia se mudado para esta cidade em 1801, para dar aulas na universidade local. Em Iena se cultivavam a poesia, a arte e a política.

3.     Hegel e o rompimento com os idealistas

O prefácio da Fenomenologia do Espírito marca da separação de Hegel com Schelling, o adeus ao romantismo adotado pelos outros idealistas e também o vôo impulsionado pelas aspirações artísticas das experiências estéticas de vanguarda, que criavam uma alternativa ao racionalismo ao possibilitar o “esquecimento de si”. Confronta o idealismo, por considerar que este quer se por contra o mundo por conta de suas deficiências, ou buscar algo melhor que a realidade. Hegel recupera, portanto, traços do realismo em seu sistema idealista. É a ciência do mundo real, o espírito compreendendo-se a si mesmo em sua própria exteriorização e manifestações, que agora deve ser buscado. Hegel é ainda idealista, mas a unificação da Idéia tem sempre um correspondente na multiplicidade da existência. O idealismo realista nunca perde sua ligação com os fatos.

Kant investigara as possibilidades do conhecimento, inaugurando, com isso, uma teoria da percepção; se um objeto se dá, ele tem de ser percebido antes de ser conceito. Hegel, por sua vez, perguntando como toda a experiência humana é possível, responde que a “Fenomenologia do Espírito” (1807) é a própria evolução da consciência no interior do processo histórico. Hegel é o modelo do intelectual puro, de homem lógico, de pensador racional e frio. Quando era estudante, seus colegas o chamavam “o velho”. Sobre este aspecto, é curioso lembrar a sua famosa definição de filosofia na obra Princípios da Filosofia do Direito, de 1821, que coloca a coruja minervina como símbolo da filosofia:

“Quando a filosofia pinta cinza sobre o grisalho, uma forma de vida já envelheceu, e com o cinza sobre o cinza não se pode rejuvenescer, apenas reconhecer; a coruja de Minerva alça seu vôo somente com o início do crepúsculo.”

4.     Unificação de Lógica e Ontologia

Hegel esteve envolto na superação da aparente aporia kantiana. Para Hegel, as restrições kantianas nos afastariam do conhecimento especulativo, nos aproximando do senso comum. Hegel pretende continuar o projeto crítico dando, porém uma solução para a incognoscibilidade da coisa-em-si em contraposição do fenômeno. Para instaurar o começo da ciência é necessário a lógica. Sem as categotias do pensamento o conhecimento seria vazio. Elas são o o ponto de partida para descrever o fenômeno. Mas para dar este passo, era preciso livrar-se das perturbações da consciência e com a separação rígida entre o homem que conhece e o mundo a ser conhecido. Estas superações das cisões são como que a grande realização que o sistema de Hegel propõe para conseguir solucionar o problema kantiano. A ciência da lógica pretende a superação da filosofia anterior. Para isto, era preciso uma maneira de unificar a lógica – as categorias do pensamento subjetivo– com a ontologia, as categorias do ser. O estudo do ser não é separado do pensamento. O ser é constituído como pensamento, e o pensamento revela o ser. Apenas o pensamento vazio procura fora de si algum conteúdo. Antes, o objeto era visto como auto-suficiente e o pensamento absorvia impressões de fora. A verdade era a adequação da forma ao conteúdo. Hegel pretendeu dar fim a este impasse, e por isso criticou as dicotomias – como o dualismo cartesiano – e a clássica subordinação do sujeito ao objeto. Isso só foi possível porque, como dissemos, a filosofia de Hegel tem esta tonalidade fortemente sentido racional, expressa na notória fórmula “o real é racional, o racional é real”, Para Hegel ponto de partida de Hegel é o absoluto, e este é identificado com a razão. À pergunta metafísica: que é o que existe? A resposta de Hegel é: existe a razão. Tudo o mais são fenômenos da razão, manifestações da razão.

Mas, a razão em Hegel não é razão estática, inerte, ou uma faculdade captadora de conceitos, subjetiva. A razão é concebida por Hegel como uma potência dinâmica cheia de possibilidades que se desenvolvem no tempo; é como um movimento. Não há na realidade algo que não tenha uma justificação racional. Esta razão que é o absoluto, efetiva através de suas estruturas internos Hegel chama lógica, dando à palavra um sentido até então não habitual. O estudo da lógica mostra que a razão ao desenvolver-se, ao explicitar-se ela mesma, vai realizando suas razões, vai realizando suas teses, logo as antíteses, logo outra tese superior, e assim a razão mesma vai criando seu próprio fenômeno, vai-se manifestando nas formas materiais, nas formas matemáticas, que são o mais elementar da razão; nas formas causais, que são o mais elementar da física; nas formas finais, que são as formas dos seres viventes, e logo nas formas intelectuais, psicológicas, no homem, na história. Assim, tudo quanto é, tudo quanto foi, tudo quanto será, não é senão a fenomenalização, a realização sucessiva e progressiva dos germes racionais, que estão todos na razão absoluta.

O fundamento do ser é também um vir a ser e isso o faz conseqüência, produto, efeito. Por outro lado, o que faz a conseqüência, o que produz, o que causa, também é mediado enquanto origem através do que realiza. A mediação não se apresenta senão pela imediação. A imediação, por sua vez, não escapa da mediação, pois adquire sua expressão na sua manifestação ou no seu acontecer. Pode-se indicar aqui que em Hegel há uma insuficiência do que é em si que busca sua satisfação no reconhecimento da própria insuficiência.

O sistema de Hegel inaugurado na Fenomenologia e exposto na Enciclopédia tem esta aspiração de totalidade, de dar conta dos diversos ramos do saber. O objetivo de Hegel é captar aas ciências uma unidade orgânica que, com o poderoso recurso da dialética, anima em seu movimento interno as partes necessárias de um todo, que é a filosofia. O objeto de Hegel neste aspecto não é ode de ditar normas ao real, mas descrevê-lo. Na obra que condensa o sistema, a Enciclopédia das Ciências Filosóficas: em Compêndio, ele afirma, no parágrafo 15:

"Cada parte da filosofia é um todo filosófico, um círculo que se fecha sobre si mesmo mas no qual a idéia filosófica vive numa determinação particular".

Apesar da lógica da circularidade que é subjacente ao sistema, existem contudo partes, que, só são inteligíveis na sua referência ao todo mas, por outro lado, é justamente por ser partes do todo que ganham uma necessidade e uma legitimidade que não teriam enquanto individualidades autônomas. A exposição da constituição da idéia é um tema da Lógica. O sistema como um todo tem três partes, e cada parte segue a lei ternária. Cada verdade, cada realidade, tem três aspectous ou estágios. O primeiro passo é a afirmação preliminar e a unidicação, o segundo é a negação e a diferenciação, e o terceiro e final é síntese. Por exemplo, a semente da planta é a unidade inicial da vida que, quando encontra solo apropriado, desconstitui—se e, ainda em virtude de sua unidade vital, mantém estes elementos divergentes uníssonos, para reaparecer como a planta que tem seus membros unidos organicamente. A indução também segue as mesmas etapas, com a hipótese original unifica-se o fato, mas é dissolvida quando confrontada com fatos opostos. O conhecimento científico só avança quando a unificação original se torna forte a tal ponto que reunifique os fatos discordantes.

5.     Conclusão: Chegando ao Absoluto.

Kant escreveu o famoso ensaio “O que é o esclarecimento?” (Aufklarung) Um reflexo desta ênfase kantiana no iluminismo, no poder da razão como luz natural, sentimos na afirmação devastadora de Hegel no prefácio da Fenomenologia do Espirito, que encontrou um alvo certeiro de Schelling:

Aqui, considerar um ser-aí qualquer, como é no absoluto, não consiste em outra coisa senão em dizer que dele se falou como se fosse um certo algo; mas que no absoluto, no A=A, não há nada disso, pois lá tudo é uma coisa só. É ingenuidade de quem está vazio de conhecimento pôr esse saber único – de que tudo é igual no absoluto – em oposição ao conhecimento diferenciador e pleno (ou buscando a plenitude); ou então fazer de conta que seu absoluto é a noite em que "todos os gatos são pardos", como se costuma dizer.

Ou seja, um absoluto estático, indiferenciado, onde tudo é igual Hegel procura combater isso ao colocar o movimento e a diferenciação no tratamento da questão. Para Hegel, a solução de Schelling de uma “intuição intelectual” que chega ao Absoluto não é satisfatória. É o percurso da consciência que busca chegar ao Absoluto.

O Absoluto de Hegel está em movimento. A experiência da consciência está em movimento, fazendo o percurso que leva ao Espírito em movimento. O absoluto é o Espírito na relação piramidal com a lógica e a Natureza. O Espírito é o princípio de todo o sensível (a lógica) e do ser (a natureza). Mas é apenas no desenvolvimento de si mesmo e como objeto de si mesmo, que o Espírito se dá a conhecer. As grandes figuras do Espírito são o direito, a moral, a vida social política, a arte, a religião e a filosofia. Estes são evocados como uma auto-diferenciação em relação à identidade com o Absoluto. O Espírito, que não se constrói em seus atos, revela-se sempre vivo no coração dos seus sistemas.

A realidade efetiva do sujeito vai ficar dependendo da consciência de si; o sujeito que se apreende a si mesmo, se apreende como conceito:  a pessoa tem que ser um conceito existente, desde que o sujeito seja pensado como “Geist” (Espírito), que seja visto pelo que ele sabe dele mesmo. Hegel estava interessado na historicidade da vida do Espírito. Ao longo de toda essa conquista de si, a qual implica o desenvolvimento da religião, do trabalho, da arte, da cultura, da política etc.; para que haja história, cujo desenrolar contínuo alcança o Saber Absoluto, é preciso que o Espírito se desenvolva a partir do seu próprio conceito."



6.     Bibliografia Consultada:

6.1.           Autores:
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão.. Ed. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: 2001
______. Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura. Trad. Artur Mourão. Edições 70, Lisboa, 1988.
HEGEL, F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas, Trad, Paulo Meneses, São Paulo: 1995. Ed. Loyola
______ Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis: Vozes, 1992.

6.2.           Comentários
HEINE, H. Contribuição à História da Religião e Filosofia na Alemanha, Editora Iluminuras; Trad. Márcio Suzuki. São Paulo.
MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia. Trad. de Guillermo da Cruz Coronado. Ed. Mestre Jou. Sâo Paulo, 1967.

6.3.           WebSites:
http://www.consciencia.org/logica_hegel_roberto.shtml
http://www.educ.fc.ul.pt/hyper/enciclopedia/cap3p7/romantico.htm
http://www.marxists.org/reference/archive/hegel/help/hegelbio.htm
http://en.wikipedia.org/
http://fr.wikipedia.org/
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_2_9.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000200003&script=sci_arttext
http://plato.stanford.edu

6.4.           Anotação das Aula da Profª Maria de Lourdes Borges. UFSC – Segundo Semestre de 2007.

http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.consciencia.org/hegel-unificacao-de-ontologia-e-logica&gws_rd=cr&ei=nxhDVuTFOcOlwgTz6rnYBg
 

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