Nei Duclós
Amor não se rende ao discurso à toa
verbo inabitado, vazio fundo de poço
tem outra dimensão, mesmo que doa
ou prove a solidão, religião da Lua
É palavra na dança, palco de doçura
truque conhecido, imposição do rumo
balanço entre o desencontro e a fuga
do sonho mais chegado em seda pura
É poema na estação batida pela chuva
à espera de um trem de passageira única
que o destino aponta e o coração consuma
Semente coletiva que a terra não refuga
urbana arquitetura em relação de adubo
convés de um beijo que atravessa a bruma
RETORNO – Imagem desta edição: Carole Landis.