Nei Duclós
Depositas o brinco sobre a pequena mesa e sorris, íntima,
como se não fosse nossa primeira vez.
Visitei o meu acervo. Lá estavas, grudada num verso, se
debatendo. Mariposa melada de sonho, sai um sopro amoroso do teu devaneio.
Amor compartilhado precisa de sintonia de corpos sob o
guarda-chuva de algumas palavras, que expressam sentimentos, climas,
proximidades. Mistura de força e maciez, perfume e movimentos.
Essas coisas se dizem a portas fechadas. Com pássaros
batendo na janela querendo entrar. Mas não tem outro jeito: como te atrair,
asas de mel?
O tempo deu um salto.
Eu tinha confiança, hoje estou descalço.
Perfis do sonho que rodeiam a palavra como fadas. Num outro
patamar de encanto, no brando escândalo de sermos súditos da beleza.
É um tsunami de olhares, passos de dança, cabelos, curvas.
Todos os rostos que brotam junto com o poema.
Tens compromisso. Talvez numa outra vida.
Tua praia me inundou.
Houve um terremoto em águas profundas.
A coisa que mais me
emociona é a inteligência.
Antes as pessoas paravam para pensar. Hoje todo mundo segue
andando. #Boa
Prometo não dizer o que te digo sempre, que és a mais bela.
Direi para o vento. Tape os ouvidos, musa feita de brisa.
Pinte meu rosto de memória. Estou posando em frente ao teu
espelho. Sou as marcas de sonho em tua pele.
Tudo cabe neste quarto. Tudo é igual a você.
Disse de novo exatamente porque ficou claro. Gostei do
resultado.
Não tenho medo de me repetir. Só no erro.
Chega, há limite, ela me disse. Parei, respondi. Volto
quando me pedires. Vou te deixar um número. Pronto, atendi.
RETORNO – Imagem desta edição: Liz Taylor.