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26 de abril de 2005
O CARGO PÚBLICO NOBILITA
A ascensão para a nobreza, na América Portuguesa, se fazia pelo exercício do poder público. O caminho não era tanto o cargo, mas o dinheiro a que o cargo tinha acesso. Tomar posse, segundo pesquisador americano, é uma expressão tipicamente brasileira. Vimos ontem como um ex-operário, ex-dirigente sindical, ex-presidente de partido, ex-deputado e agora presidente da República se coloca no papel de nobre ao falar sobre essa figura tão execrada que é o chamado brasileiro. Do alto da sua posição que detém a chave do cofre, o que lhe dá poder para torrar 56 milhões de dólares num avião fabricado no Exterior (quando temos aqui uma fábrica competitiva do mesmo ramo), Lula disse que o brasileiro que toma chopinho na sexta-feira e fala mal dos juros é incapaz de levantar o traseiro para ir buscar juros menores. Trata-se de uma fala que justifica o impeachment, não só pelo absurdo técnico em termos de conteúdo e linguagem (o que prova seu despreparo), como pelo sinal evidente de que o presidente afastou-se de suas obrigações e hoje vive num paraíso proporcionado pelo dinheiro da nação que ele emprega tão mal e porcamente.
BUSANFAN- Lembro de uma palavra ótima muito repetida na fronteira e não sei se está em desuso. Trata-se de tarrasqueta, que pelo que lembro, quer dizer mais ou menos traseiro, ou melhor, o ponto focal do traseiro, segundo rápida pesquisa no Google. Vai tomar na tarrasqueta é um xingamento apropriado para quem trata a população como algo fora de si, como se o imbecil que nos governa não tivesse saído do ventre da nação soberana, aquinhoado que foi pela formação profissional no Senai, uma instituição da era Vargas, e pela carreira no sindicato, outro produto da época getulista que, segundo Brizola, foi garantido pela presença da polícia para existir. Quando Lula chegou no ABC o sindicato estava lá, lembrou um dia Brizola. Pois esse sujeito falou ontem que o brasileiro fica bebendo na sexta-feira falando mal dos juros e no dia seguinte (sábado, portanto) é incapaz e levantar a bunda para ver onde tem juro menor. Na lata, Joelmir Beting provou, no jornal da Band, que isso não existe, não há concorrência de juros no sistema bancário, eles se equivalem em qualquer banco. No mesmo instante em que proferia a besteira (sob o riso alvar dos puxa-sacos), Lula tentou corrigir dizendo que até pelo computador o cara poderia ir atrás de juro menor. Ou seja, nem precisaria levantar o busanfan da cadeira, não é mesmo? já que ninguém fica diante de um computador de pé. Aliás, tenho certeza que Lula jamais ficou diante da tela de um computador. Analfabeto funcional, deve ser incapaz de dar qualquer comando, como fazem milhões desses seres horríveis que são os brasileiros. O desprezo à população que o sustenta numa vida palaciana é motivo suficiente para apeá-lo do poder. Ele precisa voltar à planície e sentir na pele, como seu adversário clone, Collor, o que significa perder a cabeça quando se assume a presidência da República.
SANCHO PANÇA - Não temos mais estadistas, temos gentinha no poder. Juscelino Kubistchek, a quem não canso de criticar, era filho pobre de mãe professora, veio do nada e deslumbrou os franceses com seu francês castiço, impressionou a todos com sua coragem ao empreender a nova capital, teve grandeza ao anistiar os revoltosos que tentaram impedir sua posse. Vargas era advogado e filho de estancieiros e sua obra continua firme apesar do sucateamento sem dó que lhe dedicam os inimigos. Agora temos Collor, Sarney, Itamar, FHC e Lula, que ainda ameaçam virar senadores biônicos, invenção do Geisel e mais uma prova de que continuamos na ditadura. O pior é que tanta brutalidade nos desvia dos temas que realmente interessam e que deveriam ocupar este espaço, que é a poesia, a filosofia, a história, a crônica, a literatura. Passamos em vão por esta vida suprimida por traidores como este Sancho Pança, que nos despreza e que deve imediatamente sair do Palácio que ocupa e deixar vago o cargo para que o Brasil possa recuperar seu destino.
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