Nei Duclós
Poesia é inocência da palavra
não por ser pura, estar isenta
de culpa. Ou por ser ingênua
virtudes cheias de escrúpulos
Inocência pela falta de objetivo
idêntica às forças da natureza
não a que se reproduz ou venta
mas a que compõe em silêncio
No fundo seu ultrassom atinge
a superfície reduzida ao medo
aves que viram peixes, conchas
sem nada dentro, o mar apenas
Palavra suja, ferida desde o berço
criança de rua, terror dos becos
punguista de verbos, torpe fugitiva
um espírito com fome e sede
Mas livre, capaz de recompor-se
conforme cresce entre os cactos
precoce lucidez que força a barra
touro andaluz diante da espada
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Gavin Hellier
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