24 de março de 2016

HÁBITO




Nei Duclós


Não gosto quando a semana avança
e se dirige ao fim, que é o seu início
Não atinge o limite, escrito no muro
a não ser como obra da espiral espúria

Não há clima se o apogeu, domingo
é apenas a véspera e parte da rotina
Falta grandeza na repetição da sina
o perigo é a guerra vir em seu socorro

Circulamos cegos no hábito do sonho
sem transcender a concentrada víbora
firmes na arapuca, roemos o vínculo
sem desatá-lo, corridos para o Mesmo

O carrossel se solta quando nasce vida
capaz de romper o fio desencapado
todo cuidado serve para o arrimo
de distrair o dragão, Saturno alado

Montados em corcéis, vemos saída
no ritmo do realejo, sorte sonora
um papel traz a mínima charada
algo que possa habitar o espírito

Nenhum comentário:

Postar um comentário