O que é céu, o que é chão na pintura?
planície do noivo, quando a noiva voa
um rio é a cor, o rastro, a mistura
feito ao contrário, do teto à nuvem
linhas e grãos, porção sem serventia
O olho é refém da obra, a sua sobra
ele acredita no que vê pela memória
todos são cegos quando a luz espia
fogem para o conforto do obscuro
ficam de costas para o que dispara
Animais e coisas apenas sugeridas
nenhuma alucinação nessa alegoria
corto ao meio a cara que assim respira
não dou respostas, borro narrativas
a infância do exílio na Paris mítica
Encontro o que fazer fora da escola
tudo me aborrece se eu não jogo fora
não me procure, fui por outra porta
o tempo é gente, fosca ave noturna
que canta sem saber o quanto dura
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