1 de janeiro de 2015

TEXTURA



Nei Duclós

Lês na claridade, a que emerge
de ti sem esforço, geras a tarde
que a pintura imita a contragosto

A tela sente ciúme da textura
que tua pele reveste como seda
és a proeza de alguma coisa fútil

Como se a beleza decidisse o jogo
e fosse mais que a letra, um arabesco
sinal cifrado que ousa esconder-te

Apenas a beldade, dizes num muxoxo
mas sabes que o disfarce se evapora
quando recitas o despertar da obra

És a personagem, a narradora exímia
torces a narrativa conforme tuas curvas
turvas meu olhar, glória de um alarde


RETORNO - Imagem desta edição: Frank-W. Benson 1862-1951 The-Reader-1910

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