Nei Duclós
Primeiro poema do ano
é experimento
assim como do pão, o fermento
promessa de palavra no tempo
que fecha um ciclo
como em colheita. O trigo
visto por dentro, o som
de cada fonema vibrando
no campo espesso
Grão de começo, farinha
do mesmo saco: o ofício
e o que medra por si mesmo
mistura de arte e natureza
meu hábito rude no lago
de cisne da tua inteligência
meu trôpego passo rumo
ao coração do avesso
que me põe de joelhos
Primeiro poema do ano
flor ainda em recesso
guardiã do sol que se expressa
no raio solto na terra
me atinges com tua beleza
fruto do sonho e da reza
pois peço que se comporte
o espaço onde vivemos
no eterno dom do universo
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