Nei Duclós
És faminta de verso, não te basta
o tanto que publico por tua causa
talvez queiras ser a personagem
dona de um império de palavras
Fico devendo com a obra escassa
sem nenhum exagero nas estrofes
preferes ir mais fundo com o verbo
letra de pedra, gramática da carne
Sugas, esponja, a lavra do poeta
que pontifica imaginando o alarde
que exibes nesses recitais baratos
Afogado em vão no próprio ofício
preciso fôlego de inumeráveis gatos
pânico de fila indiana em precipício
REETORNO – Imagem desta edição: Louise Bourgoin.