Nei Duclós
Falta a voz, que vinha da origem
Ninho de um convívio como o trigo
Que de semente cresce em fogo firme
E se reparte em mesa, cama e vinho
Falta a conversa sobre mar e passarinhos
O galpão que o amor faz em rodízio
Atrás da casa ao lado de um riozinho
Em que espantamos a pressão das mariposas
Falta um lugar que tenha sido nosso
Um sítio ou aldeia em livro antigo
O gado que eu recolha sob a chuva
A lã que seja o abrigo dos domingos
Falta, porque hoje somos fruto
Das estações que perderam o sentido
Veio o verão, onde está teu sonho
Que antes do banho eu agarro no vestido?
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