Falei demais e em vez de ficar mudo
Voltei a dizer, só por teimosia
Repito o que vivo fazendo poesia
E jamais enterro o verso que cultivo
Assim perco a atenção de quem me via
Como promessa de assombrosa profecia
Pois nunca chega o que insisto no poema
Antes se esgota na própria fantasia
É da natureza deste pobre ofício
Malhar sempre o mesmo ferro frio
A graça não está no que produzo
Mas na fagulha e no barulho da oficina
Está exposto mas nada se aproxima
Do obsessivo pendor de ser sozinho
Queimo as mãos, esgoto o corpo exausto
Enquanto a obra se dispersa no conflito
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