Nei Duclós
Escute os
pássaros. Eles te levam meu recado. É suficiente ou terei que manipular a rota
das estrelas?
Ninguém quer o teu lugar quando estás na linha de tiro. Só
quando chegas exausto no armistício.
Li de fato quando fingi que lia na pose para a foto. Na
imagem apareceram fios de uma estranha linhagem, a imaginação virando carne.
Foi tarde demais meu pedido de socorro. Tinhas partido e
eras a única que podia me salvar.
Me pego falando com as roupas. São tão antigas, tão puídas, que
me sinto responsável.
Destruímos tudo, porque assim estava escrito. Me beije antes
que a eternidade nos confine.
Fui deixado para trás, no front.
Hoje estou a fim de te querer por
isso vou dizer assim meio no tom de um velho roquenrrol.
Durma enquanto é Tempo. Quando
acordar, estarei em Marte.
Te desejo em vão. Acreditas que sou de outra e
te recolhes. Sou assim condenado à solidão.
Solidão, permaneces intacta porque escondes o
rosto. Fica difícil te identificar para o bota fora.
Já fui teu, agora sou de Lua. Um dia em alto
mar, uma noite em terra bruta.
Ouso dizer a imaginação que te cerca, sem ser
invasiva, apenas um aceno de pele e olhar sem nenhum lance extra, amor na menor
partícula de semente.
Amor, e não se fala mais nisso
O que restou de nós foi o amor que se recusou a
morrer, a despeito dos nossos esforços. Não é ele que se arrasta, pois brilha
acima das estrelas. Somos nós os habitantes da terra em conflito que buscam uma
nova chance.
Fui roendo o tempo até chegar ao osso:nenhuma pose na falta
de ilusão vaidosa, a não ser a segurança que te trespassa na hora em que tie
tiro para a última dança.
A Lua jamais se cansa. Agora está
Crescente. E assim por diante. Porque inventamos de ser diferentes? Bastam as
fases do mesmo ser, eternamente.
RETORNO - Imagem desta edição: foto de François Raimbaud.