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10 de novembro de 2009
UFOS
Nei Duclós (*)
Não se trata de acreditar ou não em Ufos. Eles existem, independente das nossas convicções e crenças. Se não existissem, estariam esquecidos, já que a primeira aparição data de 1947. Como são reafirmados todos os dias por depoimentos no mundo todo, não há o que contestar. Pode-se apenas denunciar a esperteza ou a má-fé de quem se aproveita disso para falar besteira.
Uma das bases para a evidência dos extra-terrestres já foi confirmada pela ciência: os inúmeros planetas fora do sistema solar. Fica o enigma das criaturas, seu suposto grau de adiantamento, verdadeiras intenções etc. Para os americanos, não há dúvida: os ETs são o inimigo que eles adoram ter, já que por aqui não há adversário à altura. O cinema dos Estados Unidos inventou os seres mais absurdos, agressivos e improváveis para reafirmar o próprio heroísmo, pois quando o mundo está em perigo, são eles, os americanos, que nos salvam. Isso confirma o destino manifesto do império.
O conflito, para a América, não está mais entre países, mas entre planetas. Os marcianos já saíram de moda, agora o Mal chega de muito mais longe. O Oriente Médio e a América Latina são apenas representações desse mundo bizarro, uma espécie de treinamento para a verdadeira guerra, que será nas estrelas. Contra essa visão belicista, temos os arautos da boa nova. Já que os extraterrestres são uma espécie de deuses astronautas, então todas as utopias de um mundo melhor, mais equilibrado (já ia dizer mais “humano”) fica a cargo dos habitantes das naves espaciais.
Nenhuma das duas versões convence. Pois os ETs devem pelo menos compartilhar uma coisa conosco: não sabem porque nasceram e para onde se dirigem. Estão pesquisando, querendo saber mais sobre esse mistério de existir num universo de astros boiando no espaço. Isso os identifica com nossa precariedade. E desmoraliza os detalhados relatos de viagens espaciais em que os abduzidos descrevem mundos perfeitos. Só podemos acreditar em lugares onde nada funciona, como o nosso.
Por enquanto, o Brasil é que parece ser um planeta estranho, dominado por criaturas suspeitas. O mais aterrorizante é que elas não exibem a cabeça ovalada ou os olhos saltando fora da órbita. São “normais” e nos acenam das telas luminosas, exagerando no sorrisinho maroto.
RETORNO – 1.(*) Crônica publicada nesta terça-feira, dia 10 de novembro de 2009, no caderno Variedades, do Diário Catarinense. 2. A imagem de hoje é do filme de Stanley Kubrick, "2001, uma Odisséia no espaço".
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