26 de novembro de 2009

CENSURA À IMPRENSA, CRIME HEDIONDO



A ditadura brasileira achou um caminho “legal” de censurar a imprensa: por meio da Justiça! Assim, faz quase quatro meses que o Estadão está proibido de publicar suas matérias sobre falcatruas de notória família política; o blog Tijoladas do Mosquito, aqui de Floripa, está novamente sob o tacão de decisão judicial que proíbe publicar algumas denúncias; o jornal Já, de Elmar Bones vai à falência porque foi obrigado a pagar indenização milionária por ter feito matéria em 2001 sobre desvio de verba pública no RS, e por aí vai.

Depois falavam que a censura da época “militar” era isso e aquilo. A censura da ditadura é a mesma desde 1964, na marra, mas agora sob o manto da rigorosa punição judicial. Engraçado, soltaram o facínora que acabou matando Tim Lopes; soltam a toda hora bandidos que tomam conta do tráfico e da marginalidade; elementos do mais baixo nível saem pela porta de frente da cadeia; o sujeito dá dois tiros pelas costas da ex-namorada, mata, é julgado, condenado e continua solto. Para tudo tem um jeito, menos para a imprensa. Essa tem que entrar sonoramente pelo cano. Por que acontece isso?

Porque o jornalismo é uma profissão perigosa e foi destruída para, no seu lugar, triunfar o marketing de eventos noticiosos, o dossiê plantado por interesses em jogo, a abobrinha lancinante e recorrente, a suíte eterna, o tatibitati da linguagem em ruínas, a legenda para cego, a má remuneração dos profissionais da imprensa, a celebração das nulidades, o latifúndio de espaço para maus elementos de todos os calibres disfarçados de articulistas. Enquanto isso, grandes jornalistas amargam o ostracismo e a sacanagem impune triunfa e se mantém eternamente no poder.

Sem falar em inúmeros jornalistas assassinados nos grotões. Não se pode fazer jornalismo no país em que tudo se rouba, de merenda escolar a dinheiro para o lixo, conforme constata o trabalho insano e magnífico do Ministério Público. Esses dias vi uma foto em que o sorridente ministro de portentoso tribunal de Contas bebericava junto com um grandalhão da política. Era um ágape, que depois foi esticado para um lounge, resort, ou que sei eu dessas palavras estrangeiras que dominam a vida nacional. Como pode alguém que decide sobre verbas públicas celebrar junto com um político?

Um juiz deveria dar exemplo de ascetismo e não ficar exibindo alegria etílica diante das câmaras. Quem julga os juizes? Quem faz auditoria sobre esses atos de censura à imprensa? Quer dizer que um tribunal tem o poder inconstitucional de calar a imprensa? Se é assim, então retirem o rótulo de democracia de uma vez, porque há muita perda de tempo nesse troço de achar que estamos numa democracia. Se houvesse democracia, teríamos imprensa! E não censura.

Mas você consulta o jornal e lá está a Madona. Liga no noticiário e lá está o ratinho sendo torturado pelos pesquisadores (não suporto mais tanta matéria de saúde). Espera chegar a reportagem e atura tudo que é evento, desde a comilança de polenta e beberança de vinho do santo agapito até a oportunidade de quem tem sangue “puro” ensinar alemão para as crianças, que assim acabam falando português com sotaque. E dele matéria do transito, de como as pessoas perdem tempo dentro dos ônibus e como isso provoca stress. Mientras tanto, a mulher que teve ataque agudo de pancreatitie, em Lages, agonizou por horas a fio na fila do SUS e acabou morrendo. E a matéria tão aguardada é reduzida a cinco milissegundos. A "reportagem" ocupa menos espaço do que a chamada.

Se temos um sistema de saúde seletivo, que escolhe quem vai morrer, e uma Justiça que censura a imprensa, então isso nem mais é ditadura. É o que vem depois dela, quando ela triunfa. Uma espécie de III Reich sem a vitória russa em Stalingrado. Algo como um mundo sem o dia da Vitória na França em 1945. Vivemos num país que recebe ditadores com alegria, com nosso presidente roçando barba a barba e sorrindo levantando os braços. Somos um país que censura a imprensa e joga jornalista no lixo. E que usa os meios de comunicação para difundir mentiras sobre a situação social.

Chega, porra.

RETORNO - Imagem de hoje: o ministro da propaganda do nazismo, Joseph Goebells, olhando para o futuro e pensando: "Eu vou pegar vocês amanhã". Brrr.

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